Meu pai sempre brincou comigo dizendo que o meu guarda roupa era igual ao da Mônica, a dentuça valentona dos quadrinhos geniais do Maurício de Souza. Só que em vez de vários vestidinhos vermelhos, o meu guarda roupa tinha uma porção de camisetas pretas, todas iguaizinhas. Não que eu não quisesse variar um pouco o visual. Na verdade, eu quase não tinha opções.
Experimente sair para comprar roupas pesando 163 quilos. É uma tarefa cruel e frustrante. Nunca espere encontrar algo que lhe sirva em alguma dessas tradicionais lojas de roupas, tipo C&A, Renner, e outras tantas que existem por aí. Mesmo se encontrar algo que se ajuste em suas curvas avantajadas, a chance daquela peça se encaixar no seu gosto é mínima. Em algumas vezes, você acaba comprando algo que você nem achou tão bacana simplesmente porque era a única coisa que lhe serviu. Isso é muito cruel.
Em geral, o gordo acaba recorrendo às lojas especializadas para pessoas "grandes", onde provavelmente gastará os olhos da cara e não sairá plenamente satisfeito. Esse é um dilema dos gordos. E pra mim não foi diferente.
Uma saída que eu encontrei foi mandar confeccionar minhas próprias camisetas. Encomendava em alguma confecção um lote de camisetas pretas, - as vezes pedia algumas azuis pra variar um pouco - mas todas elas básicas, iguaizinhas e sem estampas. Daí a piadinha do meu pai, me associando à Mônica.
E de camiseta preta em camiseta preta eu ia levando minha vida. Além disso, minhas bermudas e calças eram feitas por uma costureira de confiança da minha tia. As cuecas por uma vizinha nossa - as melhores cuecas do mundo, diga-se de passagem. As calças jeans, eram duas, no máximo três, sempre surradas e usadas até o ponto em que os remendos e ajustes já não mais adiatavam e as calças tinham que ser aposentadas.
Aquele papo de que nossas roupas refletem nossa personalidade não funciona muito bem com gordos. Justamente pelos motivos que acabei de citar, pois quando se está fora dos padrões "médios", geralmente veste-se o que lhe convém. Sendo que, nesse caso, a conveniência é simplesmente escolher aquilo que lhe caiba.
E agora? Com que roupa eu vou?
Papo pro próximo post, amigos.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Leia com atenção o Manual de Instruções que acompanha o produto!
Embora quase ninguém leia um Manual de Instruções, simplesmente saber que existe um desses acompanhando o produto já nos dá uma sensação de segurança.
A frase título desse post, que vem escrita na embalagem de qualquer produto que tenha um manual, na verdade deveria ser trocada por: "Leia o Manual de Instruções apenas em caso de dúvida." Pelo menos é assim que funciona na prática.
Infelizmente a cirurgia bariátrica não vem com Manual de Instruções. Precisei muito de um desses um tempo atrás pra tirar uma dúvida. No fim, acabei descobrindo na marra o que eu queria saber usando o tradicional método empírico da "tentativa e erro" - esse método é conhecido pela grande chance que tem de acabar quebrando o brinquedo ao invés de consertá-lo.
Portanto, queria aproveitar que adquiri esse conhecimento sobre a utilização do produto e dividir com vocês, queridos leitores. Caso existisse o Manual de Instruções da cirurgia bariátrica gostaria de encontrar a seguinte orientação caso surgisse a mesma dúvida:
- Como utilizar o botão "Foda-se" depois da cirurgia bariátrica:
O botão "Foda-se" não acompanha o produto, normalmente esse acessório já vem instalado no indivíduo antes da cirurgia e sua utilização varia de acordo com cada usuário. Alguns preferem mantê-lo sempre desativado, outros usam com alguma frequência e ainda existem os que prefiram deixá-lo acionado em tempo integral. A ativação do botão "Foda-se" pode melhorar a performance do indivíduo em alguns aspectos, mas pode comprometer seriamente sua durabilidade e seu tempo de vida útil. Sendo assim, a utilização do botão "Foda-se" depois de adquirir a cirurgia bariátrica deve seguir alguns cuidados básicos que podem garantir o melhor funcionamento do seu produto e aumentar sua durabilidade. São eles:
1). É expressamente proibido ativar o "Foda-se" no primeiro mês de uso do produto, havendo risco de ocorrerem danos irreparáveis;
2). Entre o segundo e o sexto mês de uso do produto não existem níveis seguros para a utilização do botão "Foda-se". No entanto, caso você deseje ativá-lo tome alguns cuidado:
a. Evite ativá-lo com frequência, mesmo que por curtos períodos, pois o botão é frágil e pode quebrar enquanto estiver na posição "ligado";
b. Evite ativá-lo por longos períodos pois o produto ainda está em fase de adaptação. Além disso, o uso contínuo pode condicionar o usuário, de maneira que ele não consiga mais atingir a mesma performance com o botão "Foda-se" desativado, criando um tipo de relação de dependência.
Obs: Pessoas que costumavam manter o botão "Foda-se" ativado por muito tempo antes da cirurgia são mais propensas a desenvolver uma dependência entre o segundo e o sexto mês de utilização do produto.
3). Em caso de dano no produto, causado pela má utilização do botão "Foda-se", procure a assistência técnica autorizada IMEDIATAMENTE!!!
A frase título desse post, que vem escrita na embalagem de qualquer produto que tenha um manual, na verdade deveria ser trocada por: "Leia o Manual de Instruções apenas em caso de dúvida." Pelo menos é assim que funciona na prática.
Infelizmente a cirurgia bariátrica não vem com Manual de Instruções. Precisei muito de um desses um tempo atrás pra tirar uma dúvida. No fim, acabei descobrindo na marra o que eu queria saber usando o tradicional método empírico da "tentativa e erro" - esse método é conhecido pela grande chance que tem de acabar quebrando o brinquedo ao invés de consertá-lo.
Portanto, queria aproveitar que adquiri esse conhecimento sobre a utilização do produto e dividir com vocês, queridos leitores. Caso existisse o Manual de Instruções da cirurgia bariátrica gostaria de encontrar a seguinte orientação caso surgisse a mesma dúvida:
- Como utilizar o botão "Foda-se" depois da cirurgia bariátrica:
O botão "Foda-se" não acompanha o produto, normalmente esse acessório já vem instalado no indivíduo antes da cirurgia e sua utilização varia de acordo com cada usuário. Alguns preferem mantê-lo sempre desativado, outros usam com alguma frequência e ainda existem os que prefiram deixá-lo acionado em tempo integral. A ativação do botão "Foda-se" pode melhorar a performance do indivíduo em alguns aspectos, mas pode comprometer seriamente sua durabilidade e seu tempo de vida útil. Sendo assim, a utilização do botão "Foda-se" depois de adquirir a cirurgia bariátrica deve seguir alguns cuidados básicos que podem garantir o melhor funcionamento do seu produto e aumentar sua durabilidade. São eles:
1). É expressamente proibido ativar o "Foda-se" no primeiro mês de uso do produto, havendo risco de ocorrerem danos irreparáveis;
2). Entre o segundo e o sexto mês de uso do produto não existem níveis seguros para a utilização do botão "Foda-se". No entanto, caso você deseje ativá-lo tome alguns cuidado:
a. Evite ativá-lo com frequência, mesmo que por curtos períodos, pois o botão é frágil e pode quebrar enquanto estiver na posição "ligado";
b. Evite ativá-lo por longos períodos pois o produto ainda está em fase de adaptação. Além disso, o uso contínuo pode condicionar o usuário, de maneira que ele não consiga mais atingir a mesma performance com o botão "Foda-se" desativado, criando um tipo de relação de dependência.
Obs: Pessoas que costumavam manter o botão "Foda-se" ativado por muito tempo antes da cirurgia são mais propensas a desenvolver uma dependência entre o segundo e o sexto mês de utilização do produto.
3). Em caso de dano no produto, causado pela má utilização do botão "Foda-se", procure a assistência técnica autorizada IMEDIATAMENTE!!!
CUIDADO: PRODUTO FRÁGIL!!!
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Trilha Sonora
Ouvi falar muito de uma banda chamada Nevilton. Na verdade um trio paranaense liderado pelo Nevilton Alencar, que da nome à banda. Baixei o EP chamado Pressuposto já tem algum tempo, mas deixei ele perdido num cantinho do meu Desktop até que um dia resolvi escutar. Ouvi as cinco músicas do EP umas duas vezes com muita atenção e não consegui mais parar de ouvir aquele som. Uma levada simples e marcante com uma pegada de rock e letras geniais. Linda poesia que, casada às singelas melodias, soam em perfeita harmonia e transmitem mensagens muito positivas. Letras que tratam de temas extremamente pessoais, abordados de uma maneira muito sutil. Um disco ótimo e muito bem "falado" nas entranhas da música independente.
Pois é. Vez em quando sou surpreendido por essas gratas descobertas. Não é a primeira e nem a última vez que isso acontece, é claro. Mas essa foi especial porque as canções do Nevilton, em letra e melodia, soam aos meus ouvidos como a trilha sonora dessa minha fase "gastroplastizado em transformação". Canções que despretensiosamente me provocam lampejos de compreensão e inspiração. Mensagens que trazem a tona sentimentos e valores há tempos adormecidos, despertados por faíscas de auto-conhecimento.
Enfim, melhor que tentar descrever as minhas impressões e sensações ao ouvir o som do Nevilton é ir direto ao assunto. Gostaria de compartilhar essa trilha sonora com os leitores. E claro, recomendar que ouçam o trabalho do Nevilton.
Pode até parecer pretensioso, mas a idéia é transformar em palavras as sensações que essa trilha sonora me provoca. Transcrever-me ao som de Nevilton. Sabe lá no que isso vai dar em meio ao meu imprevisível e intempestivo método de criação, sobre o qual escrevi no último post. Vira e mexe eu acabo me desviando do formato pretendido inicialmente. Todavia... vão bora!
Hoje vou tentar descrever uma cena cuja trilha sonora é uma das canções do EP Pressuposto do Nevilton. Não me prenderei a padrões de redação de roteiros cinematográficos. Trata-se de uma manifestação livre de cenas que poderiam pertencer ao roteiro de um filme qualquer.
Aos leitores, não espero que as canções lhes despertem exatamente as mesmas sensações que me despertaram. Afinal, são interpretações muito pessoais. Ao menos fica uma ótima dica musical para os queridos leitores do Gastroplastizado. Fica também uma homenagem à Música Brasileira, principalmente aos artistas que representam a riquíssima cultura independente.
Ao trio Nevilton, de Umuarama-PR, meus parabéns e... muito obrigado!!!. Esse foi o relato de um admirador (pra não dizer fã) que foi tocado pela tua arte. Força nessa correria pelos palcos e estradas do Brasil. Sei que vocês tem consciência de que o trabalho colaborativo, a troca de informação e o trabalho em rede hoje tem muito mais valor do que os arcaicos "15 minutos de fama". Circula, galera!!!
O EP Pressuposto do Nevilton pode ser baixado gratuitamente no site do projeto Compacto.rec do Circuito Fora do Eixo (link direto para o disco: http://compactorec.wordpress.com/2010/02/09/nevilton-disco-pressuposto/ ). Pra quem se interessa por música e cultura independente em geral, vale a pena saber mais sobre o projeto e sobre as ações do Circuito FDE.
Então, começemos essa experiência. A quem topar entrar nessa viagem, proponho que escute atenciosamente à "Trilha" uma primeira vez e acompanhe sua letra com muita atenção. Em seguida, abaixe um pouco o som e deixe a música tocar ao fundo enquanto lê o "Roteiro". Espero que gostem.
***
Cena 1: A Trilha
Pressuposto - Composição: Nevilton de Alencar
Pois é. Vez em quando sou surpreendido por essas gratas descobertas. Não é a primeira e nem a última vez que isso acontece, é claro. Mas essa foi especial porque as canções do Nevilton, em letra e melodia, soam aos meus ouvidos como a trilha sonora dessa minha fase "gastroplastizado em transformação". Canções que despretensiosamente me provocam lampejos de compreensão e inspiração. Mensagens que trazem a tona sentimentos e valores há tempos adormecidos, despertados por faíscas de auto-conhecimento.
Enfim, melhor que tentar descrever as minhas impressões e sensações ao ouvir o som do Nevilton é ir direto ao assunto. Gostaria de compartilhar essa trilha sonora com os leitores. E claro, recomendar que ouçam o trabalho do Nevilton.
Pode até parecer pretensioso, mas a idéia é transformar em palavras as sensações que essa trilha sonora me provoca. Transcrever-me ao som de Nevilton. Sabe lá no que isso vai dar em meio ao meu imprevisível e intempestivo método de criação, sobre o qual escrevi no último post. Vira e mexe eu acabo me desviando do formato pretendido inicialmente. Todavia... vão bora!
Hoje vou tentar descrever uma cena cuja trilha sonora é uma das canções do EP Pressuposto do Nevilton. Não me prenderei a padrões de redação de roteiros cinematográficos. Trata-se de uma manifestação livre de cenas que poderiam pertencer ao roteiro de um filme qualquer.
Aos leitores, não espero que as canções lhes despertem exatamente as mesmas sensações que me despertaram. Afinal, são interpretações muito pessoais. Ao menos fica uma ótima dica musical para os queridos leitores do Gastroplastizado. Fica também uma homenagem à Música Brasileira, principalmente aos artistas que representam a riquíssima cultura independente.
Ao trio Nevilton, de Umuarama-PR, meus parabéns e... muito obrigado!!!. Esse foi o relato de um admirador (pra não dizer fã) que foi tocado pela tua arte. Força nessa correria pelos palcos e estradas do Brasil. Sei que vocês tem consciência de que o trabalho colaborativo, a troca de informação e o trabalho em rede hoje tem muito mais valor do que os arcaicos "15 minutos de fama". Circula, galera!!!
O EP Pressuposto do Nevilton pode ser baixado gratuitamente no site do projeto Compacto.rec do Circuito Fora do Eixo (link direto para o disco: http://compactorec.wordpress.com/2010/02/09/nevilton-disco-pressuposto/ ). Pra quem se interessa por música e cultura independente em geral, vale a pena saber mais sobre o projeto e sobre as ações do Circuito FDE.
Então, começemos essa experiência. A quem topar entrar nessa viagem, proponho que escute atenciosamente à "Trilha" uma primeira vez e acompanhe sua letra com muita atenção. Em seguida, abaixe um pouco o som e deixe a música tocar ao fundo enquanto lê o "Roteiro". Espero que gostem.
***
Cena 1: A Trilha
Pressuposto - Composição: Nevilton de Alencar
"Ela sempre soube
que seu maior valor
nunca coube
nem dizer
se pressupõe
que até o insensato vai perceber.
E nunca preocupou-se
em fazer crer
nem mesmo acreditava
poder fazer.
Mas um dia percebeu o seu poder
E saiu a sorrir
ganhando corações
sorrindo gentileza e confiança
e a cada sair
sorrindo decisões
de amor, delicadeza a ela mesma
conquistava outro alguém.
E saiu a sorrir
ganhando corações
sorrindo gentileza e confiança
e a cada sair
sorrindo decisões
de amor, delicadeza a ela mesma
aprendeu a viver."
Cena 1: O Roteiro
Personagem em processo de construção. A única convicção é de que se trata de um protagonista. O início da trama pressupõe que o personagem se revelaria aos poucos, ao longo do filme. Cabe ao desenrolar da trama fazer essa revelação gradual das características mais profundas da personagem.
O protagonista caminha em meio a uma multidão alvoroçada pela rotina e pelos compromissos da vida cotidiana. Embora ele se confunda entre a aglomeração de pessoas, sua presença destaca-se no enquadramento por ser o único que caminha a passos descompromissados, porém firmes e ritmados. Esboça sutilmente um sorriso. Sua expressão sugere autoconfiança. Entretanto, isenta-se do aura da arrogância ao demonstrar que caminha por si só, seguindo uma trajetória aparentemente planejada e respeitando o empurra empurra e a correria das ruas da cidade.
Um rápido flashback mostra que a personagem passara recentemente por um momento muito importante e decisivo em sua vida. Sem aprofundar em detalhes a trama revela que a personagem atravessa um momento de transformação pessoal. Essa revelação sugere que o caminhar tranquilo e sorridente do protagonista seja consequência desse processo de transformação.
A cena termina com um enquadramento por trás do protagonista. A câmera acompanha o caminhar da personagem por uns instantes até que para repentinamente, enquanto ele segue sua caminhada confiante e se mistura em meio à multidão e à correria cotidiana.
Fim da Cena 1.
que seu maior valor
nunca coube
nem dizer
se pressupõe
que até o insensato vai perceber.
E nunca preocupou-se
em fazer crer
nem mesmo acreditava
poder fazer.
Mas um dia percebeu o seu poder
E saiu a sorrir
ganhando corações
sorrindo gentileza e confiança
e a cada sair
sorrindo decisões
de amor, delicadeza a ela mesma
conquistava outro alguém.
E saiu a sorrir
ganhando corações
sorrindo gentileza e confiança
e a cada sair
sorrindo decisões
de amor, delicadeza a ela mesma
aprendeu a viver."
Cena 1: O Roteiro
Personagem em processo de construção. A única convicção é de que se trata de um protagonista. O início da trama pressupõe que o personagem se revelaria aos poucos, ao longo do filme. Cabe ao desenrolar da trama fazer essa revelação gradual das características mais profundas da personagem.
O protagonista caminha em meio a uma multidão alvoroçada pela rotina e pelos compromissos da vida cotidiana. Embora ele se confunda entre a aglomeração de pessoas, sua presença destaca-se no enquadramento por ser o único que caminha a passos descompromissados, porém firmes e ritmados. Esboça sutilmente um sorriso. Sua expressão sugere autoconfiança. Entretanto, isenta-se do aura da arrogância ao demonstrar que caminha por si só, seguindo uma trajetória aparentemente planejada e respeitando o empurra empurra e a correria das ruas da cidade.
Um rápido flashback mostra que a personagem passara recentemente por um momento muito importante e decisivo em sua vida. Sem aprofundar em detalhes a trama revela que a personagem atravessa um momento de transformação pessoal. Essa revelação sugere que o caminhar tranquilo e sorridente do protagonista seja consequência desse processo de transformação.
A cena termina com um enquadramento por trás do protagonista. A câmera acompanha o caminhar da personagem por uns instantes até que para repentinamente, enquanto ele segue sua caminhada confiante e se mistura em meio à multidão e à correria cotidiana.
Fim da Cena 1.
Léo Castro
sábado, 7 de agosto de 2010
Gastroplastizado.blogspot.com
Exige-se de um blogueiro que almeja alguma popularidade do seu blog uma certa frequência nas publicações, ou atualizações, caso prefiram. No entanto, apesar da minha negligencia em cumprir essa máxima da Web, o Gastroplastizado tem sido uma válvula de escape fascinante para minhas experiências pós-cirúrgicas.
A intenção inicial na criação do Gastroplastizado era fazer um registro dos momentos mais marcantes dessa experiência, visando compartilhar com quem pudesse se interessar. Aos poucos, o anseio de compartilhar vivências com os leitores acabou tornando-se a essência do blog, ainda que distante de qualquer pretensão de popularidade. Uma troca que foi-se mostrando multilateral ao longo do tempo. Conforme eu ia assimilando os comentários dos leitores e relendo o que escrevia, ia repensando minhas experiências.
Essa evolução ocorreu naturalmente e refletiu-se não só no meu modo de escrever, mas também no meu modo de encarar tudo o que estou vivendo. Um aprendizado contínuo.
Desde o início eu já sabia que não manteria o mesmo ritmo de publicações das primeiras semanas, mas sempre cobrava de mim mesmo a manutenção de um "comprometimento" com o Gastroplastizado - com o perdão do "Dunguismo". Para minha surpresa, mesmo tendo ficado 46 dias sem nenhuma postagem, a visitação do blog manteve-se constante. Devo dizer que boa parte dos números contabilizados pelo contador representem visitas minhas. Prova de que mantenho meu comprometimento com o blog ao ler e reler os textos e os comentários de leitores quase diariamente, apesar da escassez de atualizações.
Aos leitores, desde os casuais aos que ainda teimam em dar uma passadinha rápida por aqui procurando novidades, peço desculpas. Tento não me pressionar a escrever. Sou assim desde sempre - ou desde que comecei a escrever nos blogs. Salvo as redações do colégio e dos vestibulares, prefiro aproveitar momentos de grande inspiração. Escrevo o que vier na telha a qualquer momento, em qualquer situação, sempre respeitando minha espontaneidade.
Portanto, espero que continuem passando por aqui de vez em quando para saber das novidades. Uma maneira fácil é seguir as atualizações do GASTROPLASTIZADO. É só fazer um login no blogspot com sua senha google.
É isso, amigos. Sigo resdecobrindo a mim mesmo. Seguirei compartilhando momentos importantes dessa redescoberta com vocês.
Até breve!
A intenção inicial na criação do Gastroplastizado era fazer um registro dos momentos mais marcantes dessa experiência, visando compartilhar com quem pudesse se interessar. Aos poucos, o anseio de compartilhar vivências com os leitores acabou tornando-se a essência do blog, ainda que distante de qualquer pretensão de popularidade. Uma troca que foi-se mostrando multilateral ao longo do tempo. Conforme eu ia assimilando os comentários dos leitores e relendo o que escrevia, ia repensando minhas experiências.
Essa evolução ocorreu naturalmente e refletiu-se não só no meu modo de escrever, mas também no meu modo de encarar tudo o que estou vivendo. Um aprendizado contínuo.
Desde o início eu já sabia que não manteria o mesmo ritmo de publicações das primeiras semanas, mas sempre cobrava de mim mesmo a manutenção de um "comprometimento" com o Gastroplastizado - com o perdão do "Dunguismo". Para minha surpresa, mesmo tendo ficado 46 dias sem nenhuma postagem, a visitação do blog manteve-se constante. Devo dizer que boa parte dos números contabilizados pelo contador representem visitas minhas. Prova de que mantenho meu comprometimento com o blog ao ler e reler os textos e os comentários de leitores quase diariamente, apesar da escassez de atualizações.
Aos leitores, desde os casuais aos que ainda teimam em dar uma passadinha rápida por aqui procurando novidades, peço desculpas. Tento não me pressionar a escrever. Sou assim desde sempre - ou desde que comecei a escrever nos blogs. Salvo as redações do colégio e dos vestibulares, prefiro aproveitar momentos de grande inspiração. Escrevo o que vier na telha a qualquer momento, em qualquer situação, sempre respeitando minha espontaneidade.
Portanto, espero que continuem passando por aqui de vez em quando para saber das novidades. Uma maneira fácil é seguir as atualizações do GASTROPLASTIZADO. É só fazer um login no blogspot com sua senha google.
É isso, amigos. Sigo resdecobrindo a mim mesmo. Seguirei compartilhando momentos importantes dessa redescoberta com vocês.
Até breve!
Léo Castro
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domingo, 1 de agosto de 2010
Quem me viu, quem me vê. Quem me vi, quem me vejo.
Antes de qualquer coisa, peço desculpas pela menor frequência nas publicações. Pretendo escrever sobre isso depois. Mas, passei por aqui somente para deixar um registro um tanto espontâneo sobre meu atual estado de espírito. Uma inspiração momentânea e etílica. Na minha opinião o melhor contexto para um desabafo sincero e desprovido de pudores. Mesmo que haja a possibilidade de um arrependimento diante da sobriedade. Lá vai:
A auto-estima é um afrodisíaco. Estou amando a mim mesmo cada vez mais. Embora tenha a preocupação constante de manter os pés fincados no chão, estou alçando voos espetaculares e inesperados.
No dia-a-dia minha vida até que não mudou tanto. As tarefas, os compromissos e as preocupações cotidianas continuam as mesmas. O que mudou foi a minha visão sobre tudo isso. Como se fosse possível simplesmente colocar os óculos que me possibilitam enxergar uma maneira mais positiva de viver a vida.
Estou muito feliz com o que vejo.
A auto-estima é um afrodisíaco. Estou amando a mim mesmo cada vez mais. Embora tenha a preocupação constante de manter os pés fincados no chão, estou alçando voos espetaculares e inesperados.
No dia-a-dia minha vida até que não mudou tanto. As tarefas, os compromissos e as preocupações cotidianas continuam as mesmas. O que mudou foi a minha visão sobre tudo isso. Como se fosse possível simplesmente colocar os óculos que me possibilitam enxergar uma maneira mais positiva de viver a vida.
Estou muito feliz com o que vejo.
Léo Castro
sábado, 19 de junho de 2010
Conto: "A Mudança"
Parte Final (?) - O Fim da Viagem. O Início de uma Nova Vida.
Finalmente estava no meu tão sonhado novo lar, onde decidi viver minha nova vida. Levei menos tempo para organizar os móveis e objetos na nova casa do que para encaixotá-los há alguns dias no meu antigo casarão. Rapidamente encarreguei-me de me livrar dos objetos que havia separado durante a viagem em uma caixa onde se lia: "Jogar Fora". Os objetos dos quais sabia que deveria me desfazer, mas ainda não havia encontrado coragem para tal, mantive encaixotados e guardados. Ainda precisava refletir sobre os motivos que tinha para me livrar deles. Minhas condecorações e medalhas coloquei em lugar de destaque na casa. Não para exibir minhas glórias a quem pudesse ver, mas para que eu pudesse me lembrar constantemente do que eu era capaz. Dos meus fracassos, tentei me desfazer junto com os objetos que descartei. Apesar disso, minhas falhas e derrotas deverão me acompanhar para sempre na forma de aprendizado, servindo como parâmetros para que eu posso reconhecer meus limites e minhas fraquezas.
Tudo pronto. Os móveis e objetos estavam em seus devidos lugares. Cuidei de deixar a decoração ao meu gosto. Deixei as janelas da frente bem abertas, exibindo um ambiente muito agradável e acolhedor. Já me sinto parte do meu novo lar, mas ainda não me sinto vivendo minha nova vida. Finalmente encontrei o lar onde sempre sonhei morar, mas não consigo sentir o frescor da nova vida que escolhi viver.
Quando decidi me mudar, achei que morar no lar que sempre sonhei morar bastaria para que eu pudesse viver a vida que sempre sonhei viver. Será que tomei a decisão errada? Será que esse não é o lar dos meus sonhos? Devo mudar a decoração ou rearranjar os móveis? Que tal uma nova pintura? Dúvidas e questionamentos que sempre me acompanharam na vida que vivi até agora continuavam me perseguindo enquanto eu tentava descobrir uma maneira de me sentir mais vivo naquele lugar maravilhoso.
Conforme os dias passaram, fui criando minha nova rotina dentro do meu novo lar. Adaptei-me muito rapidamente ao meu novo endereço e à minha nova vizinhança. Definitivamente, sinto-me muito seguro e confortável aqui. Realmente gosto desse lugar. Mas ao passar dos dias, enquanto seguia minha nova rotina - palavra que define os hábitos e tarefas a serem realizados de forma mecânica e repetitiva no dia-a-dia de um indivíduo, para muitos, sinônimo de monotonia - fui me dando conta de que a vida que eu sempre sonhei viver não seria encontrada ao final daquele viagem, no instante em que eu entrasse no meu novo lar. A mudança que eu buscava teria que ocorrer dentro de mim. Não bastava só mudar de endereço. Viver uma nova vida exigia uma mudança de atitude. Um novo olhar sobre tudo o que está a minha volta. Uma nova postura diante dos desafios do dia-a-dia.
A viagem mais dura e desgastante que me é reservada é a grande jornada da vida. Um trajeto que eu deverei seguir ciente de que haverá muitos imprevistos, curvas perigosas, freadas e solavancos que exigirão que eu tenha muito equilíbrio. Mas, caso eu vá ao chão terei de buscar forças para me botar de pé novamente. Nessa jornada, eu mesmo deverei assumir a responsabilidade de escolher os caminhos por onde seguirei.
Quanto à minha nova casa, o lar aconchegante e seguro onde sempre sonhei viver, vez em quando terei que fechar as janelas, rearranjar os móveis, fazer uma nova pintura, mudar a decoração e até mesmo jogar algumas coisas fora. Além disso, terei que encontrar a coragem para me livrar dos objetos que guardei, mesmo sabendo que não deveriam mais fazer parte de mim. Tudo o que for preciso para que eu continue me sentindo parte do lar onde sempre sonhei morar.
A viagem até meu novo lar, apesar das dificuldades, chegou ao fim. Sigo agora a minha jornada mais longa. Uma jornada sem destino definido. Seguindo sempre em busca de mim mesmo.
Tudo pronto. Os móveis e objetos estavam em seus devidos lugares. Cuidei de deixar a decoração ao meu gosto. Deixei as janelas da frente bem abertas, exibindo um ambiente muito agradável e acolhedor. Já me sinto parte do meu novo lar, mas ainda não me sinto vivendo minha nova vida. Finalmente encontrei o lar onde sempre sonhei morar, mas não consigo sentir o frescor da nova vida que escolhi viver.
Quando decidi me mudar, achei que morar no lar que sempre sonhei morar bastaria para que eu pudesse viver a vida que sempre sonhei viver. Será que tomei a decisão errada? Será que esse não é o lar dos meus sonhos? Devo mudar a decoração ou rearranjar os móveis? Que tal uma nova pintura? Dúvidas e questionamentos que sempre me acompanharam na vida que vivi até agora continuavam me perseguindo enquanto eu tentava descobrir uma maneira de me sentir mais vivo naquele lugar maravilhoso.
Conforme os dias passaram, fui criando minha nova rotina dentro do meu novo lar. Adaptei-me muito rapidamente ao meu novo endereço e à minha nova vizinhança. Definitivamente, sinto-me muito seguro e confortável aqui. Realmente gosto desse lugar. Mas ao passar dos dias, enquanto seguia minha nova rotina - palavra que define os hábitos e tarefas a serem realizados de forma mecânica e repetitiva no dia-a-dia de um indivíduo, para muitos, sinônimo de monotonia - fui me dando conta de que a vida que eu sempre sonhei viver não seria encontrada ao final daquele viagem, no instante em que eu entrasse no meu novo lar. A mudança que eu buscava teria que ocorrer dentro de mim. Não bastava só mudar de endereço. Viver uma nova vida exigia uma mudança de atitude. Um novo olhar sobre tudo o que está a minha volta. Uma nova postura diante dos desafios do dia-a-dia.
A viagem mais dura e desgastante que me é reservada é a grande jornada da vida. Um trajeto que eu deverei seguir ciente de que haverá muitos imprevistos, curvas perigosas, freadas e solavancos que exigirão que eu tenha muito equilíbrio. Mas, caso eu vá ao chão terei de buscar forças para me botar de pé novamente. Nessa jornada, eu mesmo deverei assumir a responsabilidade de escolher os caminhos por onde seguirei.
Quanto à minha nova casa, o lar aconchegante e seguro onde sempre sonhei viver, vez em quando terei que fechar as janelas, rearranjar os móveis, fazer uma nova pintura, mudar a decoração e até mesmo jogar algumas coisas fora. Além disso, terei que encontrar a coragem para me livrar dos objetos que guardei, mesmo sabendo que não deveriam mais fazer parte de mim. Tudo o que for preciso para que eu continue me sentindo parte do lar onde sempre sonhei morar.
A viagem até meu novo lar, apesar das dificuldades, chegou ao fim. Sigo agora a minha jornada mais longa. Uma jornada sem destino definido. Seguindo sempre em busca de mim mesmo.
FIM (?)
Léo Castro
Conto: "A Mudança"
Parte 3 - A Chegada
Apesar do tempo perdido, a viagem segue. Repensei a rota a partir do ponto onde estávamos e tentei não me abalar com o que havia ocorrido. Mas para mim é claro que a chama da empolgação inicial com a mudança já estava menos reluzente nesse momento. Para tentar recuperar o ânimo voltei a vasculhar meus objetos. Dessa vez procurei objetos que pudessem me trazer boas lembranças. Condecorações, congratulações por conquistas alcançadas, medalhas de honra ao mérito, diplomas, certificados, ou seja, objetos que não tem nenhum valor material, mas que trazem à tona boas memórias de meus momentos de glória. Rever o trajeto da minha vida a partir de minhas glórias conseguiu resgatar um pouco do estado de espírito que eu estava no início da viagem. No fundo, eu desconfiava que esse estalo de empolgação fosse um tanto artificial. Entretanto, momentaneamente foi o suficiente para me devolver a disposição para continuar a viagem rumo ao meu tão sonhado novo lar.
As freadas e os solavancos continuavam enquanto eu revirava aquele monte de quinquilharias. Nesse momento a viagem segue o trajeto correto porque estou constantemente orientando o motorista. Tive dúvidas em algumas encruzilhadas, mas nada que tenha comprometido significativamente a viagem. O que me incomodava era a lentidão com que o tempo passa dentro do baú do caminhão. Conforme o tempo se arrasta lentamente eu vou me afastando de mim mesmo. Em alguns momentos até esqueço que estou fazendo a viagem mais esperada da minha vida. Encostado num cantinho confortável na parte de trás do caminhão, eu me perco em meus pensamentos. Até a organização dos objetos não me anima mais como antes. Chego até a me questionar se era realmente necessário ter encarado toda essa mudança. Mas já não há mais como voltar. Mais da metade do caminho já ficou para trás. Embora meu estado de espírito não esteja progredindo tão bem quanto antes, o competente motorista e seu caminhão imprimem um bom ritmo à viagem. Eu simplesmente tento acompanhar esse ritmo, continuando com minhas orientações ao motorista e organizando aos poucos meus valorosos pertences (ou nem tão valorosos).
Estamos chegando. Muitos quilômetros de solavancos e freadas já foram percorridos. Enfrentamos mais alguns imprevistos, contornados à medida do possível. Dentro de mim mesmo passeei em uma enorme montanha russa de sensações enquanto organizava e decidia quais objetos continuariam comigo. O mesmo para a minha motivação, que se bipolarizava, alternando constantemente entre a completa letargia e a empolgação exagerada. Contudo, finalmente estávamos muito próximos do meu novo lar.
Ao avistar minha nova casa o que sinto é uma forte excitação, um tanto adulterada pelo cansaço da longa viagem. Diferente da felicidade incontida que imaginei sentir quando esse momento chegasse, apenas esbocei um sorriso. Sorri por ter chegado ao meu novo lar, mas também sorri por que finalmente terminava aquela longa e desgastante viagem.
Descarreguei todos os móveis e as inúmeras caixas cheias de objetos com a ajuda do meu fiel companheiro de viagem, o competentíssimo motorista. Além da admiração pelo seu ótimo trabalho, fiz questão de demonstrar minha eterna gratidão pelo serviço muito bem prestado. Desejei uma ótima viagem de volta e me despedi do meu novo amigo. Enquanto ele partia, mantive meus olhos no caminhão até que não mais o pudesse ver, ao longe se misturando com os outros veículos q trafegavam na rodovia.
Continua...
Léo Castro
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Conto: "A Mudança"
Parte 2 - Os Primeiros Quilômetros
O motorista me orientou a ficar um tempo sentado na parte de trás do caminhão para me adaptar ao balanço causado pelas arrancadas, freadas e buracos do caminho. Os primeiros quilômetros realmente foram muito difíceis, mas como eu estava ainda extasiado pela idéia da mudança, me adaptei facilmente a toda aquela agitação. Quando me levantei fui tateando as paredes do baú do caminhão, me apoiando em alguns móveis e firmando os pés aos poucos até que fiquei completamente de pé. Logo veio um forte solavanco que me jogou para trás. Por pouco não cai sobre todas aquelas caixas, mas meus pés já estavam firmes no chão e consegui me equilibrar.
A viagem continuava. Durante as primeiras horas, percebi que o motorista mantinha uma boa velocidade. Logo pensei que se continuássemos naquele ritmo, poderíamos levar menos tempo do que eu havia imaginado para chegar ao meu novo lar. Trocava algumas poucas palavras com o motorista. Eu era responsável por indicar o caminho, mas até aquele momento nossa rota era simples, bastava indicar o sentido que o motorista nos guiava pelas melhores estradas, seguindo o fluxo dos outros carros.
Finalmente comecei a vasculhar algumas caixas com meus objetos. Decidi começar a organização pela parte que considerei mais fácil. Separei os objetos que seriam menos úteis e que não tinham tanta importância. Surpreendi-me com a grande quantidade de coisas sem importância e utilidade que acumulei durante esses anos. É claro que muitas vezes não nos damos conta da real importância que algumas coisas podem ter em nossas vidas, mas vendo aquela infinidade de coisas que juntei, percebi que até agora não havia me preocupado muito em fazer essa avaliação. A partir desse momento decidi que vou tentar avaliar melhor as minhas escolhas e dedicar menos tempo de minha nova vida a essas coisas inúteis.
A essa altura já estou mais acostumado com o balanço do caminhão, mas ainda preciso fazer muito esforço para me manter de pé. Todo esse esforço somado ao cansaço acumulado depois de dias dormindo pouco enquanto encaixotava minhas quinquilharias, ainda no meu antigo casarão, estou muito desgastado e meu corpo já não responde bem aos comandos de minha mente. Resolvi recuperar minhas energias e sentei-me em um cantinho, encostado em uma das caixas.
Embora quisesse descansar, tentava me manter acordado para orientar o motorista caso ele precisasse. Mas o cansaço falou mais alto e em poucos minutos adormeci profundamente. Sonhei com minha nova casa. Tudo era muito colorido e vivo no meu sonho, exatamente como eu imaginava. No sonho eu chegava perto da janela da casa e olhava para a rua acenando para as pessoas que passavam. As pessoas inicialmente estranhavam, mas acenavam de volta. Eu sorria o tempo todo e queria mostrar para as pessoas na rua como estava feliz naquele lugar. De repente ouço um enorme barulho e sinto um forte solavanco. Já não era mais sonho.
O forte estrondo me trouxe de volta ao baú do caminhão, onde tentava entender o que estava acontecendo.
O motorista me chamou e disse que havia passado em um buraco enorme e um pneu havia estourado. Saí de dentro do baú e minha primeira reação foi olhar a volta para ver onde estávamos. Não reconheci aquele lugar. Não sabia onde estávamos. Perguntei ao motorista se ele tinha alguma noção de onde estávamos e ele respondeu que sabia, mas não tinha certeza se era o caminho certo. Disse que havia tentado me acordar para perguntar a direção correta, mas por mais que insistisse não conseguia nenhuma resposta, então decidiu seguir viagem. De fato, havíamos nos desviado do caminho. Não podia culpar o motorista, a falha foi toda minha. Negligenciei minha tarefa de informar o caminho e por isso perdemos muito tempo de nossa viagem. Ao menos não estávamos perdidos, mas esse erro me custou muito caro.
A viagem precisava seguir em frente, já havíamos perdido muito tempo com esse desvio. Mas confesso que fiquei bastante abalado com essa falha. Que ao menos tenha servido de lição para a continuidade da viagem. Trocamos o pneu e seguimos em frente.
Continua...
Léo Castro
domingo, 6 de junho de 2010
Conto: "A Mudança"
Nesse conto um homem narra sua saga após decidir escolher um novo caminho para sua vida. Uma longa viagem em busca de um novo lar. Seu destino ele conhece, no entanto a longa jornada até lá será cheia de desafios e surpresas. Acompanhe-o nessa aventura que será publicada em partes aqui nesse blog. Boa viagem!
Parte 1 - Encaixotando as Memórias
Estou de mudança. Decidi sair da casa onde morei boa parte da minha vida até agora. Um casarão enorme, com uma fachada rústica em tons de cinza, de onde não se enxerga nada do que se passa lá dentro. Um prédio gigantesco e imponente muito bem localizado que se destaca entre os prédios da vizinhança, mas não chega a ser bonito nem tampouco feio.
Seria injusto dizer que fui infeliz nesse lugar. Durante todos esses anos que vivi aqui, escrevi aos poucos minha história, acumulando inúmeras conquistas e fracassos, além de uma infinidade de móveis, objetos e quinquilharias. Entretanto, ao longo do tempo esse casarão enorme passou a me sufocar. Era como se eu vivesse em constante alerta de que o prédio pudesse cair sobre minha cabeça a qualquer momento. Esse nunca foi o lugar onde sempre sonhei morar. Aqui nunca vivi a vida que sempre sonhei viver.
Portanto tomei uma decisão: vou me mudar para um lugar muito distante daqui. Uma casa que em nada lembra a robustez do meu casarão. Ela é muito menor, mas não menos aconchegante. Tem janelas de frente pra rua. Cores vivas na fachada. Também não é feia nem bonita, mas é o lugar que escolhi para ser o meu lar. Uma casa que será preenchida pela vida que sempre sonhei viver. Um lar onde me sentirei muito mais seguro e poderei deixar minhas janelas abertas.
Essa não foi uma decisão repentina. Pensei e planejei isso durante muito tempo. Pesquisei várias empresas de transporte que pudessem fazer a minha mudança. Escolhi uma bem renomada que tem ótimos profissionais e uma frota de veículos bem moderna, afinal a distância é muito grande e não quero correr o risco do caminhão quebrar no meio da estrada. Será uma viagem muito longa e estaremos sujeitos às condições do tempo, estradas esburacadas e trechos muito sinuosos, portanto poderá haver diversos imprevistos durante a jornada.
Há alguns dias comecei a encaixotar meus objetos e desmontar os móveis. Esquecidos no fundo de gavetas e armários encontrei diversos objetos que me reavivaram as mais diversas memórias. A maioria das coisas já não tem mais utilidade nenhuma. Algumas até tem utilidade, mas não terão espaço na vida que escolhi viver. Mas todos esses objetos estão impregnados de fragmentos da minha história.
Esvaziar esse casarão me forçou a reviver tudo o que passei aqui nessa casa. Cada objeto me lembrava um instante diferente da minha vida até aqui. Cada lembrança tinha um significado específico, algumas ainda estavam fortes na minha memória, outras já haviam se perdido com o tempo. A cada caixa que eu lacrava revivia um punhado de anos de histórias e vivências. Por fim, quando terminei de encaixotar tudo, percebi que havia acabado de fazer um ótimo exercício de auto-conhecimento.
Juntei tudo em caixas sem me preocupar em organizar os objetos. Apenas recolhi tudo o que havia acumulado nesses anos todos. Só então me lembrei que a minha nova casa era muito menor do que esse casarão. Nesse momento me veio à tona que, para fazer essa mudança, eu teria que fazer muitas escolhas. Teria que reorganizar os objetos que iria utilizar no meu novo lar e me desfazer dos que fossem inúteis. Seria fácil simplesmente descartar alguns desses objetos, principalmente os que não tiveram muita importância na minha vida ou que não teriam utilidade nenhuma no meu novo lar, mas entre toda aquela quinquilharia que eu juntei com certeza teria dificuldade de abrir mão de muitas coisas. Fazer essas escolhas não seria uma tarefa fácil.
Enfim, está tudo encaixotado. Meu antigo casarão já não faz mais parte da minha vida, mas parto daqui carregando tudo o que acumulei. O que continuará comigo no meu novo lar decidirei no momento oportuno. Agora, preciso estar preparado para enfrentar as dificuldades que possam aparecer no caminho.
O caminhão da mudança encosta na frente do casarão e dois homens se encarregam de colocar tudo dentro do baú. O caminhão é grande, afinal é muita coisa pra se carregar. Os homens terminam de fazer o serviço e somente o motorista fica para me acompanhar na viagem, mas ele deixa claro que eu serei o responsável por indicar o caminho.
Decidi fazer a viagem dentro do baú do caminhão, assim no caminho eu poderia ir organizando os objetos, escolher de quais iria me desfazer e quais continuaria fazendo parte da minha nova vida. O motorista autorizou que eu viajasse na parte de trás do caminhão, de onde posso manter contato com ele para dar as coordenadas do nosso destino.
E assim o caminhão partiu em direção ao meu novo lar, deixando pra trás o casarão onde nunca sonhei morar e a vida que nunca sonhei viver.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Choque de Realidade
No começo dessa semana tive pela primeira vez o que chamarei de "choque de realidade". Passado todo o deslumbramento com o emagrecimento inicial, que é muito rápido, devido à dieta líquida, realmente senti na pele o que era falado à exaustão por todos os profissionais e gastroplastizados com quem me orientei antes da cirurgia: "A cirurgia não faz milagres, é preciso uma mudança radical de hábitos e uma reeducação alimentar". No cursinho pré-cirurgia bariátrica no SEMPRE da Unimed, todas as aulas giravam em torno dessa constatação e da dificuldade que era passar por isso. À época até achei um certo exagero, pois acreditava que essa mudança viria naturalmente e que o empurrão da auto-estima tornaria essa mudança uma coisa muito suave.
Constantei que isso não seria tão fácil no começo dessa quarta semana pós cirurgia. Normalmente me peso somente às sextas-feiras, mas dessa vez, por acaso, sai para uma caminhada com meu pai na segunda-feira e passamos pela fármacia onde estou me pesando. Quando subi na balança tomei o "choque de realidade" e naquele instante todo aquele blá blá blá do cursinho pré bariátrico fez sentido. Eu havia engordado 300 gramas em 3 dias. "Mas como? Eu estou só no primeiro mês de cirurgia, era para estar perdendo peso muito rapidamente. Nem comecei a comer sólidos ainda. Como pode acontecer?" Essas seriam as minhas dúvidas caso eu não soubesse onde eu havia errado. Mas eu sabia. Lembra da história de flexibilizar as regras? Pois então, leitor, leve isso como um conselho de "o que NÃO fazer nas primeiras semanas depois da cirurgia". Flexibilizar pelo menos um pouquinho abriu um precendente para que exageros maiores e imperdoáveis fossem cometidos. No fim de semana fui ao Shopping com minha família e me permiti pedir um prato de coalhada do Habib´s. É claro que não comi tudo sozinho, mas sem dúvida alguma comi muito mais do que os 30 ml sugeridos pela nutricionista. Além disso, durante todo o fim de semana, acabei exagerando em outras refeições. Comi bastante purê de batata e de mandioca, carboidrato puro. Em resumo, me permiti certos exageros que culminaram em uma cara de tacho olhando para os números "145,3" na balança da farmácia.
Naquele momento me dei conta de que realmente a cirurgia não faz milagre algum. Que a mudança de hábitos vai requerer muito esforço SIM. Que não será nada fácil nem natural conseguir adquirir os hábitos necessários para viver essa nova vida. E, por fim, que só depende de mim fazer com que eu possa desfrutar do que venho chamando de minha "nova vida" da melhor maneira possível.
Aí alguém poderia perguntar: "Se é necessária essa mudança de hábitos e uma reeducação alimentar, por que não fazê-los sem precisar fazer a cirurgia?"
De fato, é sim possível e muito mais indicado que essa mudança seja feita sem a necessidade de cirurgia. Mas diga isso para uma gordinho que conviveu durante muitos anos com esses excessos e que certamente pelo menos uma, duas ou dezenas de vezes já esteve diante da tentativa de fazer essa reeducação, mas no máximo conseguiu perder alguns quilinhos que logo foram achados com facilidade. Muita gente consegue com sucesso essa mudança e essas pessoas devem ser aplaudidas de pé pela força de vontade e pela garra. Infelizmente, para grande parte dos gordinhos isso é praticamente impossível, por diferentes razões e motivos.
A cirurgia, ao meu ver, faz com que o indivíduo seja forçado a se reeducar. Sim, de uma maneira radical, através de uma mutilação, mas a reeducação se faz necessária para que a pessoa possa ter uma boa qualidade de vida. Em nenhum momento dizem que isso é fácil, aliás, como foi dito no início do texto, todo mundo ENCHE O SACO dizendo o quanto isso é difícil. Mas a gente prefere acreditar que na hora tudo vai dar certo. É ai, que vem o "choque de realidade" por que passei. Contudo, sou grato aos "chatos" que ficaram repetindo isso insistentemente antes da cirurgia, porque de alguma maneira essa informação estava internalizada em mim, e quando eu precisei usá-la, entendi instantaneamente o que eles queriam dizer. Entender isso também não tornará mais fácil essa mudança, mas me deixa muito mais preparado. Essa foi a minha escolha. Eu estava ciente das dificuldades, embora ainda não consciente. Daqui pra frente, espero que ter olhado aqueles números "145,3" tenha me dado um pouco dessa consciência. Do resto, vou deixar os dias passarem e vou aprendendo conforme vou caminhando. Passo a passo.
Até breve.
Constantei que isso não seria tão fácil no começo dessa quarta semana pós cirurgia. Normalmente me peso somente às sextas-feiras, mas dessa vez, por acaso, sai para uma caminhada com meu pai na segunda-feira e passamos pela fármacia onde estou me pesando. Quando subi na balança tomei o "choque de realidade" e naquele instante todo aquele blá blá blá do cursinho pré bariátrico fez sentido. Eu havia engordado 300 gramas em 3 dias. "Mas como? Eu estou só no primeiro mês de cirurgia, era para estar perdendo peso muito rapidamente. Nem comecei a comer sólidos ainda. Como pode acontecer?" Essas seriam as minhas dúvidas caso eu não soubesse onde eu havia errado. Mas eu sabia. Lembra da história de flexibilizar as regras? Pois então, leitor, leve isso como um conselho de "o que NÃO fazer nas primeiras semanas depois da cirurgia". Flexibilizar pelo menos um pouquinho abriu um precendente para que exageros maiores e imperdoáveis fossem cometidos. No fim de semana fui ao Shopping com minha família e me permiti pedir um prato de coalhada do Habib´s. É claro que não comi tudo sozinho, mas sem dúvida alguma comi muito mais do que os 30 ml sugeridos pela nutricionista. Além disso, durante todo o fim de semana, acabei exagerando em outras refeições. Comi bastante purê de batata e de mandioca, carboidrato puro. Em resumo, me permiti certos exageros que culminaram em uma cara de tacho olhando para os números "145,3" na balança da farmácia.
Naquele momento me dei conta de que realmente a cirurgia não faz milagre algum. Que a mudança de hábitos vai requerer muito esforço SIM. Que não será nada fácil nem natural conseguir adquirir os hábitos necessários para viver essa nova vida. E, por fim, que só depende de mim fazer com que eu possa desfrutar do que venho chamando de minha "nova vida" da melhor maneira possível.
Aí alguém poderia perguntar: "Se é necessária essa mudança de hábitos e uma reeducação alimentar, por que não fazê-los sem precisar fazer a cirurgia?"
De fato, é sim possível e muito mais indicado que essa mudança seja feita sem a necessidade de cirurgia. Mas diga isso para uma gordinho que conviveu durante muitos anos com esses excessos e que certamente pelo menos uma, duas ou dezenas de vezes já esteve diante da tentativa de fazer essa reeducação, mas no máximo conseguiu perder alguns quilinhos que logo foram achados com facilidade. Muita gente consegue com sucesso essa mudança e essas pessoas devem ser aplaudidas de pé pela força de vontade e pela garra. Infelizmente, para grande parte dos gordinhos isso é praticamente impossível, por diferentes razões e motivos.
A cirurgia, ao meu ver, faz com que o indivíduo seja forçado a se reeducar. Sim, de uma maneira radical, através de uma mutilação, mas a reeducação se faz necessária para que a pessoa possa ter uma boa qualidade de vida. Em nenhum momento dizem que isso é fácil, aliás, como foi dito no início do texto, todo mundo ENCHE O SACO dizendo o quanto isso é difícil. Mas a gente prefere acreditar que na hora tudo vai dar certo. É ai, que vem o "choque de realidade" por que passei. Contudo, sou grato aos "chatos" que ficaram repetindo isso insistentemente antes da cirurgia, porque de alguma maneira essa informação estava internalizada em mim, e quando eu precisei usá-la, entendi instantaneamente o que eles queriam dizer. Entender isso também não tornará mais fácil essa mudança, mas me deixa muito mais preparado. Essa foi a minha escolha. Eu estava ciente das dificuldades, embora ainda não consciente. Daqui pra frente, espero que ter olhado aqueles números "145,3" tenha me dado um pouco dessa consciência. Do resto, vou deixar os dias passarem e vou aprendendo conforme vou caminhando. Passo a passo.
Até breve.
Léo Castro
sábado, 1 de maio de 2010
Fisgando a Bela Loira
Já que o assunto aqui é a obesidade e as gordices inerentes à nossa volumosa vida, resolvi repostar um texto que escrevi para a Feira Livre de Pensamentos ano passado e que teve grande repercussão. Muita gente já leu, mas espero que meus novos leitores aqui no Gastroplastizado se divirtam. Clique aqui para ver a postagem original da Feira.
Rolou um post no Jacaré Banguela, dizendo que a Josy Oliveira, ex-BBB, a bela moça da foto ao lado estaria pedindo: "Gordinhos que me admiram, mandem e-mail". Logo, fiquei com uma pulguinha atrás da minha orelha fofinha e comecei a escrever alguma coisa. Pra quem nunca ganhou nada na vida, em sorteio ou promoção, quem sabe consigo fisgar a loira usando a minha persuasão. Mas no final acabei gostando do texto e resolvi compartilhar com a Feira.
Lá vai o texto, enviado por e-mail para o site Meia Hora do Terra.
Para Josy Oliveira... com amor (e um pouco de sinceridade)
Apesar de achar essa situação ridícula, resolvi escrever esse e-mail. Não que eu queira "concorrer" ao coração da bela Josy Oliveira, muito menos me sujeitaria a qualquer tipo de concorrência sensacionalista que vemos em reality shows de casais por aí. Ser mais um gordinho disputando o coração da bela moça, sujeitando-se a provas sem sentido, muitas vezes com o intuito de humilhá-los em rede nacional. Não quero isso. Aliás acredito que esse e-mail nunca chegará às mãos da bela senhorita.
Escrevo porque sempre admirei a moça. Sim, claro, parece conveniente dizer que sempre gostei da moça (E o cara ainda diz que não quer concorrer ao coração da bela?). Mas é verdade. Forçosamente sempre assisti aos pay-per-view do Big Brother Brasil, uma vez que minha mãe talvez seja a fã número 2 do programa, depois do Pedro Bial (esse faz o que gosta, e faz muito bem). E ao longo dos programas, é possível sim, construir uma afeição pelos participantes. E a bela moça em questão sempre me atraiu. Não pelo gosto declarado por gordinhos, que às vezes beirava à bizarrice pelo maneira que ela ficava alucinada quando via um fofinho (bizarro, mas excitante, quando se é um gordinho). Mas sim, pelas atitudes e pelo caráter demonstrados durante sua "atuação" no BBB. A apunhalada do Go Go Boy, as fofoquinhas e cutucadas das concorrentes a gostosa da edição, o amor pela família, a competência e talento profissional como cantora, a raça nas provas de resistência, e muito mais. Fatos e atitudes que construiram a Josy do BBB. Talvez não seja a transcrição do que é a Josy da vida real. Afinal, o que são 3 meses perto de uma vida inteira? Mas era a essência da bela moça. Nua e crua (aliás, linda quando nua, mesmo com os exagerados miligramas que causaram um inchaço que dava até dó da pobre).
Infelizmente, alguns meses se passaram e o talento da moça como cantora ainda não se despontou. Ó cruel mercado da música! Ainda mais quando se sai de um reality show. Nesse caso, ou faz sucesso, ou é grande candidata à sombra da TV sensacionalista de massa (tipo apresentadora de GameShow ou programa de fofoca). Pobre destino. Mas talento ela tem, e se for inteligente pode se aproveitar dele e consolidar sua carreira como cantora e musicista, desde que não apele para as mídias de massa e para formatos já manjados de exploração de sua imagem e de seu belo corpinho.
Enfim, escrevo por que não tenho nada a perder. Não faço papel de idiota me declarando e dizendo que sou o homem da vida dela, mas dou uma chance à bela moça de conhecer um cara legal (e modesto rsrs). Dados de quem sou, o que faço, o que gosto de fazer? Aí fica pra uma próxima. Com a Internet e suas redes sociais, dá pra saber o que quiser da minha vida (ou o que EU quiser que saibam), basta perguntar ao Google ou me seguir no Twitter, ou me adicionar no Orkut, ou no Facebook, ou no Flickr, ou no MySpace, etc. Ah tem o msn, esse sim eu posso divulgar, afinal pode ser uma maneira interessante pra trocar uma idéia com a bela guria de cabelos dourados e corpo voluptuoso que adora homens de corpos volumosos como o meu. Então lá vai: leocastroreis@hotmail.com
Muito obrigado, Senhores do Meia Hora. Valeu pela chance de ser um gordinho invejado enquanto passeia no shopping com uma bela loira a tiracolo.
Abraço.
Leonardo Castro dos Reis
O texto teve uma repercussão bem bacana, chegando até a própria Josy Oliveira, que deixou esse comentário no post:
Querido Leo,
Acabei de ler sua mensagem e adorei! Nem sei como agradecer se carinho e admiração! Saiba que infelizmente as matérias relacionadas à minha afeição pelas pessoas e todos os "seres" gordinhos tenham sido apresentadas de forma indevida. Sempre deixei claro que tenho um carinho especial e intenso por todas as pessoas gordinhas, sejam elas homens, mulheres, crianças, animais e até objetos. É algo tão forte que chego a ter um acesso de taquicardia quando vejo alguém acima do peso. Muitas pessoas pensam que sinto uma atração física descontrolada por homens gordos, quando na verdade, o homem que me atrai é aquele que mexe com meu coraçãozinho, independente de seu peso, altura, cor ou raça!
Agardeço de coração pelas suas palavras sinceras, ou pouco sinceras (risos) e desde já demonstro meu desejo de te ver um dia em um show meu!
Um beijo carinhoso, paz e sucesso pra ti, sempre!
Josy Oliveira
Rolou um post no Jacaré Banguela, dizendo que a Josy Oliveira, ex-BBB, a bela moça da foto ao lado estaria pedindo: "Gordinhos que me admiram, mandem e-mail". Logo, fiquei com uma pulguinha atrás da minha orelha fofinha e comecei a escrever alguma coisa. Pra quem nunca ganhou nada na vida, em sorteio ou promoção, quem sabe consigo fisgar a loira usando a minha persuasão. Mas no final acabei gostando do texto e resolvi compartilhar com a Feira.
Lá vai o texto, enviado por e-mail para o site Meia Hora do Terra.
Para Josy Oliveira... com amor (e um pouco de sinceridade)
Apesar de achar essa situação ridícula, resolvi escrever esse e-mail. Não que eu queira "concorrer" ao coração da bela Josy Oliveira, muito menos me sujeitaria a qualquer tipo de concorrência sensacionalista que vemos em reality shows de casais por aí. Ser mais um gordinho disputando o coração da bela moça, sujeitando-se a provas sem sentido, muitas vezes com o intuito de humilhá-los em rede nacional. Não quero isso. Aliás acredito que esse e-mail nunca chegará às mãos da bela senhorita.
Escrevo porque sempre admirei a moça. Sim, claro, parece conveniente dizer que sempre gostei da moça (E o cara ainda diz que não quer concorrer ao coração da bela?). Mas é verdade. Forçosamente sempre assisti aos pay-per-view do Big Brother Brasil, uma vez que minha mãe talvez seja a fã número 2 do programa, depois do Pedro Bial (esse faz o que gosta, e faz muito bem). E ao longo dos programas, é possível sim, construir uma afeição pelos participantes. E a bela moça em questão sempre me atraiu. Não pelo gosto declarado por gordinhos, que às vezes beirava à bizarrice pelo maneira que ela ficava alucinada quando via um fofinho (bizarro, mas excitante, quando se é um gordinho). Mas sim, pelas atitudes e pelo caráter demonstrados durante sua "atuação" no BBB. A apunhalada do Go Go Boy, as fofoquinhas e cutucadas das concorrentes a gostosa da edição, o amor pela família, a competência e talento profissional como cantora, a raça nas provas de resistência, e muito mais. Fatos e atitudes que construiram a Josy do BBB. Talvez não seja a transcrição do que é a Josy da vida real. Afinal, o que são 3 meses perto de uma vida inteira? Mas era a essência da bela moça. Nua e crua (aliás, linda quando nua, mesmo com os exagerados miligramas que causaram um inchaço que dava até dó da pobre).
Infelizmente, alguns meses se passaram e o talento da moça como cantora ainda não se despontou. Ó cruel mercado da música! Ainda mais quando se sai de um reality show. Nesse caso, ou faz sucesso, ou é grande candidata à sombra da TV sensacionalista de massa (tipo apresentadora de GameShow ou programa de fofoca). Pobre destino. Mas talento ela tem, e se for inteligente pode se aproveitar dele e consolidar sua carreira como cantora e musicista, desde que não apele para as mídias de massa e para formatos já manjados de exploração de sua imagem e de seu belo corpinho.
Enfim, escrevo por que não tenho nada a perder. Não faço papel de idiota me declarando e dizendo que sou o homem da vida dela, mas dou uma chance à bela moça de conhecer um cara legal (e modesto rsrs). Dados de quem sou, o que faço, o que gosto de fazer? Aí fica pra uma próxima. Com a Internet e suas redes sociais, dá pra saber o que quiser da minha vida (ou o que EU quiser que saibam), basta perguntar ao Google ou me seguir no Twitter, ou me adicionar no Orkut, ou no Facebook, ou no Flickr, ou no MySpace, etc. Ah tem o msn, esse sim eu posso divulgar, afinal pode ser uma maneira interessante pra trocar uma idéia com a bela guria de cabelos dourados e corpo voluptuoso que adora homens de corpos volumosos como o meu. Então lá vai: leocastroreis@hotmail.com
Muito obrigado, Senhores do Meia Hora. Valeu pela chance de ser um gordinho invejado enquanto passeia no shopping com uma bela loira a tiracolo.
Abraço.
Leonardo Castro dos Reis
O texto teve uma repercussão bem bacana, chegando até a própria Josy Oliveira, que deixou esse comentário no post:
Querido Leo,
Acabei de ler sua mensagem e adorei! Nem sei como agradecer se carinho e admiração! Saiba que infelizmente as matérias relacionadas à minha afeição pelas pessoas e todos os "seres" gordinhos tenham sido apresentadas de forma indevida. Sempre deixei claro que tenho um carinho especial e intenso por todas as pessoas gordinhas, sejam elas homens, mulheres, crianças, animais e até objetos. É algo tão forte que chego a ter um acesso de taquicardia quando vejo alguém acima do peso. Muitas pessoas pensam que sinto uma atração física descontrolada por homens gordos, quando na verdade, o homem que me atrai é aquele que mexe com meu coraçãozinho, independente de seu peso, altura, cor ou raça!
Agardeço de coração pelas suas palavras sinceras, ou pouco sinceras (risos) e desde já demonstro meu desejo de te ver um dia em um show meu!
Um beijo carinhoso, paz e sucesso pra ti, sempre!
Josy Oliveira
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Crianças gordas e suas gordices infantis nem sempre tão inocentes.
"Só pra avisar ao leitor, decidi que a dinâmica desse blog será a publicação de crônicas, portanto não se assustem com os longos textos. Mas garanto que todos as crônicas terão relação com a obesidade e com a minha convivência com essa "deficiência física ou excesso delas", como algum dia alguém me falou na tentativa de eufemizar o termo obesidade. rsrs. Mas ainda continuarei dando algumas dicas e publicando o meu acompanhamento médico e de perda de peso. É isso. Fiquem com esse texto que eu, particularmente, achei muito bom. Hey, modestia."
Sempre fui obeso, desde criança. Apesar de ter sido uma criança ativa e até certo ponto ágil, a obesidade me atrapalhava em diversos aspectos: físicos, mas principalmente sociais. Minha turminha da escolinha nunca era a mais popular, mas eu tinha muitos amiguinhos e transitava entre todas as turmas. Apesar disso eu tinha uma timidez latente que se externava sempre que a obesidade se tornava algum tipo de empecilho social. Pra exemplificar, quando tentava me enturmar e alguma criança de cara já ressaltava minha volumosa característica mais marcante, já era. Eu travava.
Mas mesmo assim, não era uma criança impopular. Transitava entre diversos grupos, respeitava e tinha o respeito da maioria, a não ser de alguns babacas que parecem que nasceram idiotas e morrerão idiotas, os carinhas que só sabiam fazer os outros rirem as custas dos defeitos dos outros. Você já deve ter conhecido alguém assim. Mas eu até levava na esportiva essas coisas, mas no fundo aquilo me incomodava e me afundava em minha fossa gordurosa de defeitos e incompetências. Talvez fosse o princípio de um depressão infantil. Mas não tenho conhecimento pra discutir isso agora.
Fato é que minha "semipopularidade" era adquirida ao longo do tempo pelo respeito dos meus coleguinhas. Tinha bons amigos, me dava bem com todos (a não ser os babacas citados acima), participava das brincadeiras, fazia umas piadinhas até bacanas, tinha a confiança das professoras, fui até orador da minha formatura do pré-primário. Enfim, eu era respeitado por minha personalidade e não pelo meu carisma.
Claro que fazia minhas artes, muitas vezes para poder impressionar os coleguinhas, algumas até meio barra pesada como partir pra cima de uma professora de quase 60 anos quando ela me disse a frase "Você não vale o quanto pesa" e ser segurado pela classe inteira pra não dar na cara dela. Me arrependo desse fato, mas não estava completamente errado. Ó, lendária Dona Hortência, professora de Geografia da EE Bruno Pieroni. Rolava um boato que ela era virgem e que era apaixonada pelo autor do livro de Geografia Melhem Adas. Ah! E tinha o inesquecível bordão: "Que dê tcheu pai?"
Já participei até de um trote dizendo que havia uma bomba na escola - isso já no segundo colegial - detalhe, isso foi apenas algumas semanas depois do atentado de 11 de Setembro de 2001 contra o WTC, quando o mundo vivia uma forte tensão anti-terrorismo. Que trote infeliz. E o pior é que eu só dei a idéia e emprestei o celular da minha mãe - coisa rara na época - quem executou foram outros dois amigos e um deles ainda se safou. Eu fui suspenso e por muito pouco não fui expulso.
Nessa escola do Ensino Médio em Sertãozinho, chamada Quarup, eu entrei classificado em 1° lugar no vestibulinho e ganhei uma bolsa de 60% de desconto. Vindo de escola pública, foi uma grande conquista e um ótima oportunidade de fazer um bom Ensino Médio em uma escola particular e me preparar para o vestiular, ainda em uma das escolas mais conceituadas da cidade. Se não fosse por essa bolsa eu teria continuado na escola pública. Mas então, esses 60% de desconto do primeiro ano, viraram 40% no segundo e 20% no terceiro. E não foi por causa do meu desempenho escolar, que não era o top dos tops, mas tinha notas regulares e nenhuma nota vermelha. Foi por causa da minha... digamos... indisciplina. Não que eu fosse um capeta, daqueles babacas do mal que eu disse antes, mas eu adorava causar, fazer piadinhas nas horas erradas, dormir na sala de vez em quando, incitar a bagunça durante as provas, soltar uns puns, passar tinta de caneta no apagador pro professor fazer uma lambaça na lousa quando fosse usar, ter ataques de risos com outros amigos durante uma aula, passar trote dizendo que havia uma bomba no banheiro, entre outras gordices. Os projetinhos de marmanjos se rachavam de rir, já as meninas, acho que me odeiam até hoje. Mas ainda assim eu era respeitado, fui até eleito representante de classe uma vez, mas tive que renunciar porque a minha antecessora chorou quando perdeu o cargo. Coitadinha. Mas também, esse negócio de política não é comigo.
Foram anos em que fiz amigos que me acompanham até hoje e nos quais vivi momentos inesquecíveis e também alguns que eu gostaria de esquecer. Mas apesar da bagunça, como disse, minhas notas eram boas, não as melhores, mas eram suficientes para passar pois tinham a respeitada cor AZUL. E ainda assim, alguns professores me adoravam, emboram alguns poucos me odiassem. E eu me sentia nas nuvens quando algumas vezes meus trabalhos eram elogiados, principalmente os de Artes, Português e Redação. O Toninho, "bigode amarelo" (cá entre nós), professor de Redação, não era o meu fã número 1, as vezes me dava umas tiradas que eu ficava até tonto, mas quando fazia uma boa redação ele chegava perto de mim e com um tom meio irônico fingindo estar contrariado e desconfiado e perguntava: "Foi você mesmo quem fez isso?". Eu respondia que sim, ele mudava aquela feição meio amendrontadora e me dava os parabéns. Uma vez até ficou de publicar um dos meus textos no jornal local, mas eu nunca soube o que virou.
No 3° Colegial formamos até a turma do Quarandirup, Bloco 2, Cela B, uma paródia do Presídio do Carandiru. Isso porque o bloco B, onde estudávamos era muito fechado e quente, não entrava sequer um raio de luz do sol. Nós do fundão assinávamos todas as redações assim, até o time da sala foi nomeado Quarandirup e foi campeão do Interclasses em 2002 - jogou a final contra o time do Juca, meu irmão, que ficou puto porque torci pro time da minha sala ao invés do time dele. O Toninho ficava bravo, mas no fundo ele achou muito legal a sacada do Quarandirup.
Bom, chega de me auto-promover. Nessa mesma época, enquanto via meus amigos iniciando suas vidas amorosas e sexuais, eu não passava de um gordinho inteligente e as vezes engraçado. Até tinha amigas mulheres, mas do ponto de vista de um relacionamento afetivo sempre as via como objetivos inalcançáveis e nem tentava um approach mais incisivo. Até forcei uma vez me apaixonar por uma menina da sala, mas fiz isso só pra ver se vencia ela através da resistência. Eu me declarava para ela só pelo ICQ, dizia coisas tão românticas que até eu me impressionava, mas dentro da sala a gente mal cruzava olhares e quando trocávamos algumas palavras nunca era sobre o meu amor platônico. Era ridícula essa situação. E o engraçado é que depois de um tempo ela viveu um amor platônico pelo meu irmão. E anos depois pelo meu melhor amigo. Rárá. Coisas do destino.
Querem um segredo? Já que estou escancarando tudo nesse blog, vou dizer: eu nunca havia beijado uma menina até então - menino também não viu, pra quem ainda não sabe da minha opção, eu sou heterosexual assumido efetivado tardiamente. Era BV (Boca Virgem). Era tímido PRACARALHOOO quando o assunto era mulher, apesar de demonstrar que era um cara super descolado. My first kiss rolou com 18 anos. - Ai que vergonha de admitir isso! Vergonha por que nesse aspecto eu era um tanto mentiroso, contava pros meus amigos, primos e meu irmão que era o maior pegador. Mas que nada, era um prego. Não acredito que estou revelando esse segredo, mas estou até curtindo esse "descarrego" - O nome da menina, não vou dizer para preservá-la, afinal de contas ela é uma pessoa pública e muito famosa. MENTIRA!!! Rárá. Bem, quem me conhece pode deduzir quem é.
Mas o menino cresceu fisicamente (pra cima e para os lados, muito mais para os lados) e mentalmente, passou na faculdade, aprendeu muita coisa com a vida e.... bem, isso eu conto depois porque esse texto já tá grande pra cacete.
Até mais, pessoal. Continuem lendo e comentem se gostarem. Se não gostarem também.
Sempre fui obeso, desde criança. Apesar de ter sido uma criança ativa e até certo ponto ágil, a obesidade me atrapalhava em diversos aspectos: físicos, mas principalmente sociais. Minha turminha da escolinha nunca era a mais popular, mas eu tinha muitos amiguinhos e transitava entre todas as turmas. Apesar disso eu tinha uma timidez latente que se externava sempre que a obesidade se tornava algum tipo de empecilho social. Pra exemplificar, quando tentava me enturmar e alguma criança de cara já ressaltava minha volumosa característica mais marcante, já era. Eu travava.
Mas mesmo assim, não era uma criança impopular. Transitava entre diversos grupos, respeitava e tinha o respeito da maioria, a não ser de alguns babacas que parecem que nasceram idiotas e morrerão idiotas, os carinhas que só sabiam fazer os outros rirem as custas dos defeitos dos outros. Você já deve ter conhecido alguém assim. Mas eu até levava na esportiva essas coisas, mas no fundo aquilo me incomodava e me afundava em minha fossa gordurosa de defeitos e incompetências. Talvez fosse o princípio de um depressão infantil. Mas não tenho conhecimento pra discutir isso agora.
Fato é que minha "semipopularidade" era adquirida ao longo do tempo pelo respeito dos meus coleguinhas. Tinha bons amigos, me dava bem com todos (a não ser os babacas citados acima), participava das brincadeiras, fazia umas piadinhas até bacanas, tinha a confiança das professoras, fui até orador da minha formatura do pré-primário. Enfim, eu era respeitado por minha personalidade e não pelo meu carisma.
Claro que fazia minhas artes, muitas vezes para poder impressionar os coleguinhas, algumas até meio barra pesada como partir pra cima de uma professora de quase 60 anos quando ela me disse a frase "Você não vale o quanto pesa" e ser segurado pela classe inteira pra não dar na cara dela. Me arrependo desse fato, mas não estava completamente errado. Ó, lendária Dona Hortência, professora de Geografia da EE Bruno Pieroni. Rolava um boato que ela era virgem e que era apaixonada pelo autor do livro de Geografia Melhem Adas. Ah! E tinha o inesquecível bordão: "Que dê tcheu pai?"
Já participei até de um trote dizendo que havia uma bomba na escola - isso já no segundo colegial - detalhe, isso foi apenas algumas semanas depois do atentado de 11 de Setembro de 2001 contra o WTC, quando o mundo vivia uma forte tensão anti-terrorismo. Que trote infeliz. E o pior é que eu só dei a idéia e emprestei o celular da minha mãe - coisa rara na época - quem executou foram outros dois amigos e um deles ainda se safou. Eu fui suspenso e por muito pouco não fui expulso.
Nessa escola do Ensino Médio em Sertãozinho, chamada Quarup, eu entrei classificado em 1° lugar no vestibulinho e ganhei uma bolsa de 60% de desconto. Vindo de escola pública, foi uma grande conquista e um ótima oportunidade de fazer um bom Ensino Médio em uma escola particular e me preparar para o vestiular, ainda em uma das escolas mais conceituadas da cidade. Se não fosse por essa bolsa eu teria continuado na escola pública. Mas então, esses 60% de desconto do primeiro ano, viraram 40% no segundo e 20% no terceiro. E não foi por causa do meu desempenho escolar, que não era o top dos tops, mas tinha notas regulares e nenhuma nota vermelha. Foi por causa da minha... digamos... indisciplina. Não que eu fosse um capeta, daqueles babacas do mal que eu disse antes, mas eu adorava causar, fazer piadinhas nas horas erradas, dormir na sala de vez em quando, incitar a bagunça durante as provas, soltar uns puns, passar tinta de caneta no apagador pro professor fazer uma lambaça na lousa quando fosse usar, ter ataques de risos com outros amigos durante uma aula, passar trote dizendo que havia uma bomba no banheiro, entre outras gordices. Os projetinhos de marmanjos se rachavam de rir, já as meninas, acho que me odeiam até hoje. Mas ainda assim eu era respeitado, fui até eleito representante de classe uma vez, mas tive que renunciar porque a minha antecessora chorou quando perdeu o cargo. Coitadinha. Mas também, esse negócio de política não é comigo.
Foram anos em que fiz amigos que me acompanham até hoje e nos quais vivi momentos inesquecíveis e também alguns que eu gostaria de esquecer. Mas apesar da bagunça, como disse, minhas notas eram boas, não as melhores, mas eram suficientes para passar pois tinham a respeitada cor AZUL. E ainda assim, alguns professores me adoravam, emboram alguns poucos me odiassem. E eu me sentia nas nuvens quando algumas vezes meus trabalhos eram elogiados, principalmente os de Artes, Português e Redação. O Toninho, "bigode amarelo" (cá entre nós), professor de Redação, não era o meu fã número 1, as vezes me dava umas tiradas que eu ficava até tonto, mas quando fazia uma boa redação ele chegava perto de mim e com um tom meio irônico fingindo estar contrariado e desconfiado e perguntava: "Foi você mesmo quem fez isso?". Eu respondia que sim, ele mudava aquela feição meio amendrontadora e me dava os parabéns. Uma vez até ficou de publicar um dos meus textos no jornal local, mas eu nunca soube o que virou.
No 3° Colegial formamos até a turma do Quarandirup, Bloco 2, Cela B, uma paródia do Presídio do Carandiru. Isso porque o bloco B, onde estudávamos era muito fechado e quente, não entrava sequer um raio de luz do sol. Nós do fundão assinávamos todas as redações assim, até o time da sala foi nomeado Quarandirup e foi campeão do Interclasses em 2002 - jogou a final contra o time do Juca, meu irmão, que ficou puto porque torci pro time da minha sala ao invés do time dele. O Toninho ficava bravo, mas no fundo ele achou muito legal a sacada do Quarandirup.
Bom, chega de me auto-promover. Nessa mesma época, enquanto via meus amigos iniciando suas vidas amorosas e sexuais, eu não passava de um gordinho inteligente e as vezes engraçado. Até tinha amigas mulheres, mas do ponto de vista de um relacionamento afetivo sempre as via como objetivos inalcançáveis e nem tentava um approach mais incisivo. Até forcei uma vez me apaixonar por uma menina da sala, mas fiz isso só pra ver se vencia ela através da resistência. Eu me declarava para ela só pelo ICQ, dizia coisas tão românticas que até eu me impressionava, mas dentro da sala a gente mal cruzava olhares e quando trocávamos algumas palavras nunca era sobre o meu amor platônico. Era ridícula essa situação. E o engraçado é que depois de um tempo ela viveu um amor platônico pelo meu irmão. E anos depois pelo meu melhor amigo. Rárá. Coisas do destino.
Querem um segredo? Já que estou escancarando tudo nesse blog, vou dizer: eu nunca havia beijado uma menina até então - menino também não viu, pra quem ainda não sabe da minha opção, eu sou heterosexual assumido efetivado tardiamente. Era BV (Boca Virgem). Era tímido PRACARALHOOO quando o assunto era mulher, apesar de demonstrar que era um cara super descolado. My first kiss rolou com 18 anos. - Ai que vergonha de admitir isso! Vergonha por que nesse aspecto eu era um tanto mentiroso, contava pros meus amigos, primos e meu irmão que era o maior pegador. Mas que nada, era um prego. Não acredito que estou revelando esse segredo, mas estou até curtindo esse "descarrego" - O nome da menina, não vou dizer para preservá-la, afinal de contas ela é uma pessoa pública e muito famosa. MENTIRA!!! Rárá. Bem, quem me conhece pode deduzir quem é.
Mas o menino cresceu fisicamente (pra cima e para os lados, muito mais para os lados) e mentalmente, passou na faculdade, aprendeu muita coisa com a vida e.... bem, isso eu conto depois porque esse texto já tá grande pra cacete.
Até mais, pessoal. Continuem lendo e comentem se gostarem. Se não gostarem também.
Léo Castro
Resposta a um comentário
O amigo Lucas, que participou comigo do curso preparatório pré cirurgia bariátrica no SEMPRE da Unimed deixou um comentário com algumas perguntas no último post. Achei que vale apena colocar como postagem para poder esclarecer algumas coisas ao leitores.
- Lucas disse...
- E, ai... Léo...!!!! Faltam 11 dias para a minha cirurgia... O que voce fez para matar a ansiedade...rs Olha, voce já esta passando a fase inicial... tente seguir, pois lendo seus relatos "eu" fico pensando como irei me comportar, já que também vivo alterando as "regras"... Já havia pensado em programar o celular e, lendo o que voce fez comecei a rir... Vou lutanto aqui nem sei se é para o tempo passar logo ou para demorar... Estou torcendo por voce... abs Lucas
- 28 de abril de 2010 21:38
-
- Resposta:
- Pois é, Lucas. Como eu disse, não estou extrapolando, apenas não estou mais seguindo religiosamente o horário de acordo com o relógio e quantidade de acordo com a seringa. Estou fazendo mais de acordo com meu bom senso e mantenho uma frequencia de ingestão de líquidos e alimentos de duas a três vezes por hora. Te juro, nao é facil ficar ouvindo seu celular tocar de 20 em 20 minutos e ter que medir a quantidade com uma seringa ou copinho de plastico. No início, o toquezinho que eu coloquei era até engraçadinho: "Hora de Comeeeer", mas depois foi me enchendo e eu acabei abandonando aos poucos. Digamos que tenho usado um metodo mais empirico..rsrsrs
- Quanto a ansiedade, tive bastante, mas não tinha nenhum tipo de medo ou receio, queria que a cirurgia rolasse o mais rapido possivel. Mas o que eu fiz foi esperar. Quando vi já estava operado. E hoje nem parece que já se passaram 20 dias. Passa muito rápido, principalmente porque você sente a evolução diariamente. Dia após dia você se sente diferente. As dores vao diminuindo, seus movimentos vao ficando mais faceis e além disso, a perda de peso da uma boa animada.
- O espelho acaba sendo um grande companheiro. Mas procuro não me pesar muitas vezes na semana, porque senão temos a falsa sensação de que estamos perdendo pouco peso. Tenho me pesado apenas uma vez por semana, sempre no mesmo local.
- É isso.. Boa sorte pra ti, Lucas..
- continue dando notícias.
- Abraço
- Léo Castro
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Resumo da Segunda Semana - "Flexibilizando as Regras"
Regras existem para serem seguidas. E assim deve ser, ainda mais quando se trata da sua saúde. Mas no meu caso, eu sempre fui meio avesso a regras, mais por preguiça e indisciplina do que por questões ideológicas. Dessa vez não foi diferente. A regra dos 20 ml a cada 20 minutos que deveria durar até o fim da segunda semana, quando se tornaria 25ml a cada 20 minutos, de certa forma foi pulverizada. Na primeira semana colocava meu celular para despertar a cada 20 minutos, até coloquei um toquezinho bacana com minha voz gritando: "Hora de comeeeer", e sempre que tocava eu me alimentava na quantidade certa. Nessa segunda semana fui menos disciplinado. Não que eu tenha extrapolado a quantidade, apenas tenho controlado meus horários e a quantidade de acordo com meu "achômetro". Acredito que não esteja fazendo algo muito grave, pois não tenho exagerado nas quantidades e continuo me alimentando com uma boa frequência, só que sem medir no copinho e contar no relógio.
Quanto aos exercícios fisioterápicos, aos poucos fui abandonando. Entrei em contato com a Unimed para participar do atendimento domiciliar, mas devido a uma informação mal interpretada, acabei descobrindo que não posso porticipar desse programa. Por fim, acabei não procurando a nutricionista nem a fisioterapeuta. Pretendo agora, no decorrer da Dieta Pastosa, procurar o atendimento da nutricionista pra me orientar na transferência e adapatação para a Dieta Sólida, que deve vir daqui a duas semanas.
Fome? Não tenho passado. Vontade? Tenho sim, e muita. Quando vejo minha família comendo coisas muito gostosas procuro sair da mesa. Mas essa vontade não tem sido incontrolável. No entanto, já fiz algo que deve ser considerado um erro grave pelos médicos. Quando senti muita vontade, mastiguei um pedaço do alimento e joguei fora. Me policiei para não engolir nada e acho que não engoli, mas tenho certeza que essa prática deve ser altissimamente não recomendada. Mas como já disse, não costumo seguir a risca certas recomendações. Pelo menos até agora não passei mal nenhuma vez. Não tive náuseas nem dor no estômago.
No início da Dieta Pastosa estou me sentindo melhor com a alimentação. Minha mãe tem preparado sopas batidas bem variadas. Uma coisa que estou adorando comer, mas tenho comido pouco por ser um pouco calórico é a coalhada. Pego duas colheres e meia de sopa (provavelmente mais do que 25ml) coloco em um potinho de gelatina e tempero com azeite e sal. Fica uma delícia. As sopas batidas ainda sinto um certo "nojo" antes de comer, mas é só na primeira colherada.
Exercícios Físicos, embora não tenha mantido uma regularidade, não tenho negligenciado. Tenho caminhado distâncias curtas pelo menos três vezes na semana. Mas sei que posso fazer mais e melhor.
Bem, é isso por enquanto.
Volto com mais novidades.
Quanto aos exercícios fisioterápicos, aos poucos fui abandonando. Entrei em contato com a Unimed para participar do atendimento domiciliar, mas devido a uma informação mal interpretada, acabei descobrindo que não posso porticipar desse programa. Por fim, acabei não procurando a nutricionista nem a fisioterapeuta. Pretendo agora, no decorrer da Dieta Pastosa, procurar o atendimento da nutricionista pra me orientar na transferência e adapatação para a Dieta Sólida, que deve vir daqui a duas semanas.
Fome? Não tenho passado. Vontade? Tenho sim, e muita. Quando vejo minha família comendo coisas muito gostosas procuro sair da mesa. Mas essa vontade não tem sido incontrolável. No entanto, já fiz algo que deve ser considerado um erro grave pelos médicos. Quando senti muita vontade, mastiguei um pedaço do alimento e joguei fora. Me policiei para não engolir nada e acho que não engoli, mas tenho certeza que essa prática deve ser altissimamente não recomendada. Mas como já disse, não costumo seguir a risca certas recomendações. Pelo menos até agora não passei mal nenhuma vez. Não tive náuseas nem dor no estômago.
No início da Dieta Pastosa estou me sentindo melhor com a alimentação. Minha mãe tem preparado sopas batidas bem variadas. Uma coisa que estou adorando comer, mas tenho comido pouco por ser um pouco calórico é a coalhada. Pego duas colheres e meia de sopa (provavelmente mais do que 25ml) coloco em um potinho de gelatina e tempero com azeite e sal. Fica uma delícia. As sopas batidas ainda sinto um certo "nojo" antes de comer, mas é só na primeira colherada.
Exercícios Físicos, embora não tenha mantido uma regularidade, não tenho negligenciado. Tenho caminhado distâncias curtas pelo menos três vezes na semana. Mas sei que posso fazer mais e melhor.
Bem, é isso por enquanto.
Volto com mais novidades.
Léo Castro
sábado, 24 de abril de 2010
Conferindo a Balança [2]
Dia 23 de Abril de 2010 - Duas semanas após a Gastroplastia
Peso: 147,7 kg
Perda: 14,3 kg
IMC: 48
IMC: 48
Essa semana a perda não ficou tão aparente nas fotos, mas pude sentir a diferença nas partes inferiores do corpo e no rosto. A perda de peso foi um pouco menor que a da primeira semana, mas ainda assim continua em um taxa muito boa, quase 1 kg por dia desde a cirurgia.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
É porque a gente pensa...
Estou muito feliz pelo retorno que estou recebendo de leitores do blog. Alguns deixando comentários aqui mesmo, outros falando pessoalmente ou por orkut, twitter, messenger. Muito obrigado a todos pelas visitas, sinto-me extremamente lisonjeado.
O blog Gastroplatizado tem uma função de utilidade, ou seja, informar pessoas sobre a gastroplastia através da minha experiência. Mas, além disso, esse blog está servindo para me aproximar das pessoas que eu gosto, e mantê-las informadas de como está indo minha recuperação. Muito obrigado a todos que estão acompanhando.
Nunca fui um cara muito popular, mas sempre tive grandes amigos. Naturalmente a obesidade nos leva a esconder algumas de nossas faces. A medida que as pessoas me conhecem melhor, esssas faces vão se mostrando e, por fim, se essas pessoas ainda continuam do meu lado é porque essas faces ocultas tem algo de bom para mostrar.
Pela primeira vez, estou me expondo completamente. Sem medo nem receio algum. De certa forma, essa atitude faz parte de alguns novos princípios que resolvi adotar para essa minha "nova vida" que nasceu há pouco mais de uma semana. Quem me conhece sabe que dificilmente eu tirava a camisa perto das pessoas, até mesmo das mais chegadas, pois tinha muita vergonha do meu corpo. Nesse blog, a primeira imagem, lá embaixo, é uma foto minha sem camisa, de cara limpa, sem a barba e o cabelo compridos que um dia me esconderam do mundo. Isso faz parte de uma grande mudança psicológica que se iniciou automaticamente quando escolhi e aceitei passar por uma grande mudança física. Uma mutilação em minhas visceras que incendiou o pavio de uma nova postura mental.
Estou mais do que preparado para toda mudança que possa ocorrer daqui pra frente. Sinto-me muito mais forte nesse momento, mas ao mesmo tempo, tenho meus pés fincados no chão. Faço isso para me proteger de mim mesmo. Do meu excesso de auto-confiança. Pois, a mesma auto-confiança que me faz alcançar qualquer objetivo que eu trace em minha vida, quando em excesso pode me derrubar de uma altura elevada, como já aconteceu algumas vezes. Quando isso ocorre, minha auto-confiança se transforma em auto-piedade e culpa, o que me leva a momentos de profunda depressão.
O que me faz afirmar hoje que estou preparado, é o fato de ter aprendido com essa montanha russa de conquistas e fracassos que foi minha vida. Sei que tudo o que conquistei foi por mérito e capacidade meus. O mesmo para meus fracassos. Se fracassei, foi sim por culpa minha, por não saber dosar meu envolvimento com alguns compromissos, por me doar demais, ou de menos, por não primar pelo equilíbrio e pela sobriedade em momentos em que me embriagava de empolgação e euforia.
Quem me conhece bem deve ter entendido o que quis dizer logo na primeira leitura. Quem me conhece um pouco menos, fica sabendo agora que eu sou isso aqui:
Um ser que pulsa forte. Uma soma de muitos talentos e medos, multiplicados por conquistas que são divididas por todos, de onde subtraem-se somente as coisas que não valem a pena.
Até a próxima.
Léo Castro
sábado, 17 de abril de 2010
Resumo da Primeira Semana - "20ml a cada 20min"
Termino a primeira semana Gastroplastizado com um ótima perda de 9,9 kg. Estou muito feliz com o resultado e com a evolução.
A Dieta Líquida, recomendada para os primeiros 15 dias pela nutricionista quando sai do Hospital esta descrita abaixo.
Consumir os seguintes líquidos em porções de 20 ml a cada 20 minutos:
Tenho seguido corretamente os horários e as proporções. Em alguns momentos acabo bebendo um pouco mais de 20 ml por descuido, mas não passei mal nenhuma vez por esse motivo.
Fraciono tudo em copinhos plásticos de café (pouco menos de meio copo).
Tenho bebido muitos sucos naturais variados (morango com laranja, melão, manga, abacaxi, etc), água de côco e gelatina. Além disso, alterno essas bebidas com água muitas vezes. Embora não sinta muita sede, sinto falta de dar uma boa "golada" num copo de água gelada. Eu era acostumado a tomar um litro de água de uma só vez.
Não me adapatei ao caldo salgado e por enquanto não estou tomando. Experimentei duas vezes, mas fiquei com certo "nojo". Mesmo sendo feito com óleo de canola em poquíssima quantidade não achei muito agradável tomá-lo. Vamos ver o que a nutricionista vai dizer sobre isso semana que vem.
Não sinto fome e nos primeiros dias não sentia nem vontade de comer coisas gostosas que via meus pais ou meu irmão comerem. Nos últimos dias tenho evitado de olhar eles consumindo as coisas que eu adoro comer como, por exemplo, salgados, frios e carnes.
Fora do tópico Alimentação, tenho feito alguns exercícios pulmonares e usado o Respiron (foto), mas confesso que não estou muito disciplinado. Um dia na semana sai para caminhar, andei cerca de 4 quarteirões bem lentamente, descansando no meio do caminho. Pretendo aumentar a frequência das caminhadas nas próximas semanas.
Segunda-feira o SEMPRE da Unimed ficou de entrar em contato comigo para agendar as visitas domiciliares da fisioterapeuta e nutricionista. Será um acompanhamento importante nas próximas semanas.
Por fim, estou quase sem dor alguma, já tirei o dreno na sexta-feira. Estou conseguindo dormir de lado, o que tem facilitado muito a noite.
É isso... Muito feliz até o momento.
Obrigado mãe, pai, Juca e Vó Nina pelo que vocês tem feito por mim.
A Dieta Líquida, recomendada para os primeiros 15 dias pela nutricionista quando sai do Hospital esta descrita abaixo.
Consumir os seguintes líquidos em porções de 20 ml a cada 20 minutos:
- Água, água de coco e chás (não consumir chá mate, chá preto, café ou leite de vaca)
- Sucos de variadas frutas bem coados
- Caldos salgados bem coados (refoga-se a carne e junta-se a água e os legumes deixa ferver bem até cozinhar e depois coa-se tudo)
- Gelatina Diet
Tenho seguido corretamente os horários e as proporções. Em alguns momentos acabo bebendo um pouco mais de 20 ml por descuido, mas não passei mal nenhuma vez por esse motivo.
Fraciono tudo em copinhos plásticos de café (pouco menos de meio copo).
Tenho bebido muitos sucos naturais variados (morango com laranja, melão, manga, abacaxi, etc), água de côco e gelatina. Além disso, alterno essas bebidas com água muitas vezes. Embora não sinta muita sede, sinto falta de dar uma boa "golada" num copo de água gelada. Eu era acostumado a tomar um litro de água de uma só vez.
Não me adapatei ao caldo salgado e por enquanto não estou tomando. Experimentei duas vezes, mas fiquei com certo "nojo". Mesmo sendo feito com óleo de canola em poquíssima quantidade não achei muito agradável tomá-lo. Vamos ver o que a nutricionista vai dizer sobre isso semana que vem.
Não sinto fome e nos primeiros dias não sentia nem vontade de comer coisas gostosas que via meus pais ou meu irmão comerem. Nos últimos dias tenho evitado de olhar eles consumindo as coisas que eu adoro comer como, por exemplo, salgados, frios e carnes.
Fora do tópico Alimentação, tenho feito alguns exercícios pulmonares e usado o Respiron (foto), mas confesso que não estou muito disciplinado. Um dia na semana sai para caminhar, andei cerca de 4 quarteirões bem lentamente, descansando no meio do caminho. Pretendo aumentar a frequência das caminhadas nas próximas semanas.
Segunda-feira o SEMPRE da Unimed ficou de entrar em contato comigo para agendar as visitas domiciliares da fisioterapeuta e nutricionista. Será um acompanhamento importante nas próximas semanas.
Por fim, estou quase sem dor alguma, já tirei o dreno na sexta-feira. Estou conseguindo dormir de lado, o que tem facilitado muito a noite.
É isso... Muito feliz até o momento.
Obrigado mãe, pai, Juca e Vó Nina pelo que vocês tem feito por mim.
Léo Castro
No Hospital
Fiquei 26 horas na sala de recuperação do Hospital. Apesar de estar sendo tratado muitíssimo bem, sentia que os enfermeiros sentiam-se de certa forma constrangidos com a situação. O próprio Dr. Marziale também demosntrou esse desconforto.
Fui para o leito as 14h do dia seguinte à cirurgia. Meu plano de saúde me dá direito somente ao quarto compartilhado com outros pacientes e sem acompanhante. Pois é, mas acredito que, na tentativa de desfazer o constrangimento da noite anterior o próprio Dr. Marziale "mexeu seus pauzinhos" e me transferiu para o apartamento 107 do Hospital, onde haviam duas camas e somente eu de paciente. Além disso, terminado o horário de visitas, ninguém veio pedir para que meu pai saísse, então ele acabou ficando comigo como acompanhante. Por fim, mesmo sem meu plano conceder esses privilégios, acabei ficando em um apartamento exclusivo com direito a acompanhante. Entretanto, na noite anterior não haviam leitos e agora eu estava em um quarto com um leito sobrando, mas já era sábado e, segundo o enfermeiro, o fluxo de internações nos fins de semana é menor.
Na manhã de sábado, ainda na recuperação, uma dos momentos mais importantes foram meus primeiros passos. O enfermeiro Sidemar - um cara simples e muito gente boa que puxava um pouco a perna quando caminhava - conseguiu me convencer a levantar da cama e me auxiliou rumo ao banheiro do quartinho pra tomar banho. Esse ato me deu muita confiança. Enquanto estava deitado, ficava imaginando a primeira vez que fosse levantar e pensava que aquele seria um momento muito doloroso. Mas, não foi. Ter levantado e tomado banho menos de 24 horas depois da cirurgia foi uma das melhores coisas que me aconteceu até aquele momento no hospital.
Quando o Dr. Marziale entrou no quarto no início da segunda noite, já no quarto 107, eu estava sentado na poltrona entre as duas camas, com os pés em um banquinho e falando ao telefone com umas amigas que haviam me ligado bêbadas de um barzinho e nem sabiam que eu estava internado, eram a Talita e Flávia, mais uma galera da CVC, onde elas trabalham. Ao entrar no quarto o médico viu aquela cena e disse:
- Hey gordo, tá parecendo um pachá ai, hein?
- Vixi, peraí! Tenho que desligar, meninas. Meu médico entrou aqui no quarto e tá com cara de bravo. - De fato o Dr. Marziale tem fama de ser meio secão, meio mala (veja na foto a cara do homem). Mas eu notei o tom de brincadeira no comentário dele. Ele parecia contente por me ver bem melhor.
Já sabia que nos dois primeiros dias após a cirurgia não poderia ingerir nada, nem mesmo água, e temia por isso. Mas, acabei nem sentindo muita sede, pois estava sendo hidratado pelo soro. De vez em quando só pedia para quem estivesse comigo no quarto pegasse uma gase e embebesse em água para molhar um pouco minha boca. Nessa noite, o Dr. Marziale me liberou para tomar água. Mas ressaltou que deveria tomar apenas 20 ml a cada 20 minutos.
O primeiro gole de água foi como uma explosão incontrolável de prazer. Sentia a água percorrendo todo o caminho desde a língua, passando pela garganta e esôfago até chegar ao meu estômago recém-mutilado.
No dia seguinte as meninas da cozinha já me trouxeram um chá e água de côco. Estava começando a primeira dieta pós-operatória: a dieta líquida.
Foram 3 dias no hospital. Passei uma noite com a minha mãe e duas com meu pai. Noites difíceis porquê tive muita dificuldade pra dormir com a barriga pra cima. Nessas noites em claro, minha grande companheira foi a TV que tinha no quarto. A presença de meus pais e de meu irmão comigo no quarto foi fundamental, não saberia o que fazer se eles não estivessem lá. Eu até conseguia me movimentar, mas precisava sempre da ajuda de alguem pra me levantar ou pra me sentar, pois naquele momento o corte ainda doia bastante.
Saí do hospital na segunda-feira pela manhã. Contente de ver a rua novamente. Feliz por chegar em casa, ver minha vózinha querida. A cada dia que passava me sentia melhor e mais feliz. Ainda não sentia a diferença de peso, mas sabia que seria uma questão de tempo.
Meu retorno estava marcado para a próxima sexta, para retirar o Dreno, a quem eu batizei de "cachorrinho" porque e ficava preso a mim como se fosse um Totó encoleirado e me acompanha pra onde quer que eu fosse.
Bom... falarei mais sobre a primeira semana em um outro post.
Fui para o leito as 14h do dia seguinte à cirurgia. Meu plano de saúde me dá direito somente ao quarto compartilhado com outros pacientes e sem acompanhante. Pois é, mas acredito que, na tentativa de desfazer o constrangimento da noite anterior o próprio Dr. Marziale "mexeu seus pauzinhos" e me transferiu para o apartamento 107 do Hospital, onde haviam duas camas e somente eu de paciente. Além disso, terminado o horário de visitas, ninguém veio pedir para que meu pai saísse, então ele acabou ficando comigo como acompanhante. Por fim, mesmo sem meu plano conceder esses privilégios, acabei ficando em um apartamento exclusivo com direito a acompanhante. Entretanto, na noite anterior não haviam leitos e agora eu estava em um quarto com um leito sobrando, mas já era sábado e, segundo o enfermeiro, o fluxo de internações nos fins de semana é menor.
Na manhã de sábado, ainda na recuperação, uma dos momentos mais importantes foram meus primeiros passos. O enfermeiro Sidemar - um cara simples e muito gente boa que puxava um pouco a perna quando caminhava - conseguiu me convencer a levantar da cama e me auxiliou rumo ao banheiro do quartinho pra tomar banho. Esse ato me deu muita confiança. Enquanto estava deitado, ficava imaginando a primeira vez que fosse levantar e pensava que aquele seria um momento muito doloroso. Mas, não foi. Ter levantado e tomado banho menos de 24 horas depois da cirurgia foi uma das melhores coisas que me aconteceu até aquele momento no hospital.
Quando o Dr. Marziale entrou no quarto no início da segunda noite, já no quarto 107, eu estava sentado na poltrona entre as duas camas, com os pés em um banquinho e falando ao telefone com umas amigas que haviam me ligado bêbadas de um barzinho e nem sabiam que eu estava internado, eram a Talita e Flávia, mais uma galera da CVC, onde elas trabalham. Ao entrar no quarto o médico viu aquela cena e disse:
- Hey gordo, tá parecendo um pachá ai, hein?
- Vixi, peraí! Tenho que desligar, meninas. Meu médico entrou aqui no quarto e tá com cara de bravo. - De fato o Dr. Marziale tem fama de ser meio secão, meio mala (veja na foto a cara do homem). Mas eu notei o tom de brincadeira no comentário dele. Ele parecia contente por me ver bem melhor.
Já sabia que nos dois primeiros dias após a cirurgia não poderia ingerir nada, nem mesmo água, e temia por isso. Mas, acabei nem sentindo muita sede, pois estava sendo hidratado pelo soro. De vez em quando só pedia para quem estivesse comigo no quarto pegasse uma gase e embebesse em água para molhar um pouco minha boca. Nessa noite, o Dr. Marziale me liberou para tomar água. Mas ressaltou que deveria tomar apenas 20 ml a cada 20 minutos.
O primeiro gole de água foi como uma explosão incontrolável de prazer. Sentia a água percorrendo todo o caminho desde a língua, passando pela garganta e esôfago até chegar ao meu estômago recém-mutilado.
No dia seguinte as meninas da cozinha já me trouxeram um chá e água de côco. Estava começando a primeira dieta pós-operatória: a dieta líquida.
Foram 3 dias no hospital. Passei uma noite com a minha mãe e duas com meu pai. Noites difíceis porquê tive muita dificuldade pra dormir com a barriga pra cima. Nessas noites em claro, minha grande companheira foi a TV que tinha no quarto. A presença de meus pais e de meu irmão comigo no quarto foi fundamental, não saberia o que fazer se eles não estivessem lá. Eu até conseguia me movimentar, mas precisava sempre da ajuda de alguem pra me levantar ou pra me sentar, pois naquele momento o corte ainda doia bastante.
Saí do hospital na segunda-feira pela manhã. Contente de ver a rua novamente. Feliz por chegar em casa, ver minha vózinha querida. A cada dia que passava me sentia melhor e mais feliz. Ainda não sentia a diferença de peso, mas sabia que seria uma questão de tempo.
Meu retorno estava marcado para a próxima sexta, para retirar o Dreno, a quem eu batizei de "cachorrinho" porque e ficava preso a mim como se fosse um Totó encoleirado e me acompanha pra onde quer que eu fosse.
Bom... falarei mais sobre a primeira semana em um outro post.
Léo Castro
No Dia da Cirurgia
Fui operado pelo Dr. Roberto Marziale, no Hospital São Lucas, em Ribeirão Preto, as 11 horas da manhã do dia 9 de Abril de 2010.
Cheguei ao Hospital São Lucas muito tranquilo, de fato não tinha medo nenhum da cirurgia e estava muito confiante. Queria muito que a cirurgia fosse feita o mais rápido possível. Assim que cheguei, aguardei a parte burocrática e logo fui encaminhado até o centro cirúrgico, onde coloquei a camisola do hospital, um roupão e uma touca. Fiquei esperando no corredor, junto com minha mãe.
- Vamos que os gordinhos não podem esperar - entra o Dr. Roberto Marziale no corredor e em seguida me chama para a sala.
- Vamos lá, meu querido? - disse o anestesista enquanto começava a me acomodar sobre a mesa de cirurgia. - Quem fez a sua avaliação pré-anestésica? - perguntou.
- Acho que foi o Dr. Fábio - respondi
- Aquele japonês que rebola?
- Ele mesmo - disse eu, participando da brincadeira entre colegas feita pelo anestesista. De cara já percebi que o cara era um palhaço.
- A sua cirurgia é mudança de sexo né? - disse o anesista brincalhão - Já escolheu seu novo nome?
- Já sim. Ludmila.
- Bonito nome - disse o piadista.
Realmente estava muito confiante com o procedimento. Sabia da competência do Dr. Marziale. Nas outras cirurgias que fiz, tive uma experiência meio traumática com a anestesia, pois eram aplicadas na medula espinhal e causavam um desconforto horrível na hora da aplicação. Dessa vez estava tranquilo porque sabia que a anestesia era aplicada diretamente na veia junto com o soro. Então, quando o anestesista perguntou: - Agora você vai sentir uma forte sonolência - só tive tempo de fazer uma última piadinha um tanto mórbida: - Então, a partir de agora se eu não voltar mais é alguma coisa deu errado?
- Pronto, Ludmila, a cirurgia terminou - Ouvi a voz do anestesista. Ainda muito grogue, devo ter rido da piada do brincalhão.
- Mas já? Eu acordei sozinho ou vocês me deram alguma coisa pra eu acordar? - Disse eu, enquanto sentia alguns homens me removendo da mesa de cirurgia para a maca. Sabia que a cirurgia tinha acabado há alguns intantes. Minha dúvida era pertinente, fiquei imaginando se eu tinha acordado exatamente naquele momento, haveria a chance de eu ter acordado no meio da cirurgia? Bom, fiquei com essa dúvida no ar. Mas, antes de apagar novamente, a caminho da sala de recuperação fiz a última piadinhha:
- Pede pra me trazerem uma pizza de mussarela de búfala com tomate seco? - Talvez tenha arrancado alguns risos da equipe.
Só acordei novamente na sala de recuperação. Já não era mais só tranquilidade, como algumas horas atrás. Toda minha confiança abalara-se com as dores que sentia. Na verdade, eu sabia que sentiria essas dores, mas a minha confiança era tão grande que tinha esquecido dessa possibilidade.
As horas passavam, e ainda continuava na sala de recuperação. Mantive-me calmo, apesar das dores e da demora. Aos poucos, comecei a perceber, que já não devia mais estar naquela sala. Já não estava mais sobre efeito da anestesia e conforme o tempo passava, me preocupava com minha família, onde eles estavam, se já tinham notícias minhas. Comecei a notar pelos comentários dos enfermeiros que talvez a demora para me transferirem fosse por falta de leitos. E realmente foi o que aconteceu. Perto das 8 da noite, o enfermeiro veio para me transferir. Até aquele momento estava numa caminha bem estreita, em que as grades encostavam nos braços de ambos os lados, parecendo uma mini-prisão. Perguntei ao enfermeiro: " Vou para o quarto?" - ele respondeu evasivamente: "Sim, vou lhe arrumar uma cama melhor pra você descansar bem essa noite". Me levaram para uma sala chamada de isolamento, que ficava anexa à recuperação.
Minha mãe ficou indignada com essa situação, por falta de leito, acabei tendo que passar a noite improvisado em um cantinho da sala de recuperação. Mas, em compensação o atendimento e a atenção que me foi dada pelos enfermeiros da recuperação, nos fizeram esquecer essa situação.
Essa noite foi terrível. Não consegui pregar o olho por mais de 5 minutos consecutivamente. Cuspia uma secreção que vinha direto do estômago, uma mistura de saliva com sangue, durante a noite toda. Sujei umas 15 toalhas do hospital com essa secreção. Além disso, a posição não era das mais confortáveis para dormir. Eu que estou acostumado a dormir de bruços sofri muito pra dormir de barriga pra cima.
As dores eram controladas por medicação, mas ainda assim, não dá pra dizer que não doia nada.
Minha mãe. Coitada! Também não dormiu a noite inteira. Eu a chamava a cada 5 minutos. Quando dava um tempinho de folga, ela tentava descansar em um sofazinho minusculo que tinha na salinha.
A manhã chegou. O resto da história, contarei em outro post. Mas, queria lembrar que nesse primeiro dia, durante a noite, teve um único momento em que senti um certo arrependimento de ter feito a cirurgia. Mas juro que foi algo momentâneo. Até agora está valendo a pena cada sufoco e gemido por que passei
Léo Castro
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