sábado, 10 de março de 2012

No final das contas...

Cadê o cara que escrevia aqui?

Emagreceu... Ficou bonitão... Será que se esqueceu que um dia chegou a pesar cento e sessenta e tantos quilos?

Era tão presente por aqui. Gostava de dividir com quem se interessasse cada nova experiência que vivia conforme os números na balança iam caindo e caindo...

Pois é. Cá estou. O mesmo Leo Castro. Exatamente o mesmo.

Sim. Os quilos caíram e caíram. Muito mais do que eu merecia. Como me disse certa vez um grande amigo, eu fiz de tudo pra dar errado. Sábio japonês.

Portanto, se você, leitor, está prestes a fazer a cirurgia bariátrica e procura algum tipo de conselho ou dica, ilusória intenção que tive ao criar esse blog, pare de ler AGORA! Eu não sou referência pra ninguém. Não segui nada do que me foi insistentemente orientado por médicos, psicólogos, fisioterapeutas e sei lá mais quem. Pelo contrário, acho até que o "poneis" tinha razão. Fiz de tudo pra foder com a porra toda.

Mas... meu traseiro, que um dia teve o diâmetro de um pneu de caminhão, realmente devia estar virado pra Lua quando eu nasci. Deu tudo certo, acredita? Foram 2 anos de pura indisciplina que fizeram evaporar 70 quilos. Sim... SETENTA!!! O peso de um homem adulto.

Ahh.. Consegui o que eu queria... Fiquei bonitão. A genética contribuiu... e muito. A linhagem é de primeira. Tanto da parte do pai quanto de mãe. Mas... No final das contas... Mudou tanto assim?

Sim, mudou. Mas não como eu imaginei que seria. Simplesmente não me tornei um novo homem só porque estava quase cinco arroubas mais magro. Hoje, entendo que o mais importante não é estar magro, mas sim o processo de auto-conhecimento que se iniciou conforme minha confiança em mim mesmo aumentava e os quilos diminuiam.

Putz... que papinho de auto-ajuda, hein?

Foda-se. Onde eu quero chegar é que o Leo magro e bonitinho é exatamento o mesmo Leo obeso que todos diziam que tinha um rostinho bonito.

Nacisismos a parte, não posso negar que enquanto minha figura se tornava menos repulsiva para as pessoas ao meu redor, minha confiança aumentava, e eu minha sentia "O CARA". Mas a essência, os anseios e as ambições são exatamente os mesmos do cara gordo. Até mesmo as dificuldades e defeitos. Eu, que achava que quando ficasse magro iria perder a minha velha timidez e compensar os velhos tempos de seca, me tornando o maior "pegador" do pedaço, continuei sendo o "jacu" que não pegava ninguém. Por fim, depois de todo esse processo, eu fui tomando um monte de tapa na cara, que aos poucos me mostravam que por baixo de toda aquela massa gorda, sempre existiu um cara FODA!

Então, pra terminar esse texto ruim. Putz, que bosta... já fui melhor nesse negócio de escrever... Mas, na real, acho que nem estou escrevendo. Estou "vomitando no teclado" o que vem na cabeça. Foda-se. Tava com vontade de me expressar. Aliás, se você, leitor, for meu amigo... Juca, Neto, Drela, Poneis, Preto, Gabirú,Juliano, Rafa, Godói, Ricardão, Jimmy, Marcelão... amigos... vocês já devem ter ouvido isso que eu "vomitei no teclado" umas mil vezes. Mas precisava escrever essa porra toda nesse blog.

No final das contas... Muito obrigado a todos que estiveram ao meu lado nesse processo de auto-conhecimento. Gordo ou magro, esse cara aqui ama a vida... E amo ter a oportunidade de dividir cada dia dela com vocês.

Acho que devo alguns agradecimentos:

Bangalô... Um dia meninos... Hoje HOMENS!

Vi... como é bom aprender a amar. Você é a responsável por isso.


Juca... Admiração e aprendizado. Nossos pais nos criaram pra que a gente se complementasse. Diferentes... mas ao mesmo tempo tão iguais.

Desculpe os outros grandes amigos, os que eu citei e os que acabei me esquecendo... mas desse eu preciso falar... Neto... Que sintonia, hein? A razão e a emoção. Eternamente gratos, eu e o Juca, por tudo que você viveu com a gente. Sempre presente. Nosso presente. O presente que a vida nos deu. Amigos de infância que se conheceram no despertar da juventude. Juntos para sempre.

Mãe, Vó... Vivo por vocês. Todo o meu amor e dedicação sempre. Minha vida é de vocês.

Vô... quanta sabedoria... referência... ÍDOLO!

Pai... o mais importante de todos. Teu legado tá aqui. Tua missão foi cumprida. E muito bem cumprida. Tá acompanhando tudo daí, né? Teu moleque tá brilhando... e é por você... sempre será. Que homem!

Fui...

volto?

Sei lá...
Leo Castro

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Com que roupa eu ia?

Meu pai sempre brincou comigo dizendo que o meu guarda roupa era igual ao da Mônica, a dentuça valentona dos quadrinhos geniais do Maurício de Souza. Só que em vez de vários vestidinhos vermelhos, o meu guarda roupa tinha uma porção de camisetas pretas, todas iguaizinhas. Não que eu não quisesse variar um pouco o visual. Na verdade, eu quase não tinha opções.

Experimente sair para comprar roupas pesando 163 quilos. É uma tarefa cruel e frustrante. Nunca espere encontrar algo que lhe sirva em alguma dessas tradicionais lojas de roupas, tipo C&A, Renner, e outras tantas que existem por aí.  Mesmo se encontrar algo que se ajuste em suas curvas avantajadas, a chance daquela peça se encaixar no seu gosto é mínima. Em algumas vezes, você acaba comprando algo que você nem achou tão bacana simplesmente porque era a única coisa que lhe serviu. Isso é muito cruel.

Em geral, o gordo acaba recorrendo às lojas especializadas para pessoas "grandes", onde provavelmente gastará os olhos da cara e não sairá plenamente satisfeito. Esse é um dilema dos gordos. E pra mim não foi diferente.
Uma saída que eu encontrei foi mandar confeccionar minhas próprias camisetas. Encomendava em alguma confecção um lote de camisetas pretas, - as vezes pedia algumas azuis pra variar um pouco - mas todas elas básicas, iguaizinhas e sem estampas. Daí a piadinha do meu pai, me associando à Mônica.

E de camiseta preta em camiseta preta eu ia levando minha vida. Além disso, minhas bermudas e calças eram feitas por uma costureira de confiança da minha tia. As cuecas por uma vizinha nossa - as melhores cuecas do mundo, diga-se de passagem. As calças jeans, eram duas, no máximo três, sempre surradas e usadas até o ponto em que os remendos e ajustes já não mais adiatavam e as calças tinham que ser aposentadas.

Aquele papo de que nossas roupas refletem nossa personalidade não funciona muito bem com gordos. Justamente pelos motivos que acabei de citar, pois quando se está fora dos padrões "médios", geralmente veste-se o que lhe convém. Sendo que, nesse caso, a conveniência é simplesmente escolher aquilo que lhe caiba.

E agora? Com que roupa eu vou?

Papo pro próximo post, amigos.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Conferindo a balança [4]

Dia 11 de Novembro de 2010
Sete meses após a Gastroplastia
Peso: 110,0 kg
Perda: 52,0 kg
IMC: 35,9






quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Leia com atenção o Manual de Instruções que acompanha o produto!

Embora quase ninguém leia um Manual de Instruções, simplesmente saber que existe um desses acompanhando o produto já nos dá uma sensação de segurança.
A frase título desse post, que vem escrita na embalagem de qualquer produto que tenha um manual, na verdade deveria ser trocada por: "Leia o Manual de Instruções apenas em caso de dúvida." Pelo menos é assim que funciona na prática.
Infelizmente a cirurgia bariátrica não vem com Manual de Instruções. Precisei muito de um desses um tempo atrás pra tirar uma dúvida. No fim, acabei descobrindo na marra o que eu queria saber usando o tradicional método empírico da "tentativa e erro" - esse método é conhecido pela grande chance que tem de acabar quebrando o brinquedo ao invés de consertá-lo.
Portanto, queria aproveitar que adquiri esse conhecimento sobre a utilização do produto e dividir com vocês, queridos leitores. Caso existisse o Manual de Instruções da cirurgia bariátrica gostaria de encontrar a seguinte orientação caso surgisse a mesma dúvida:



- Como utilizar o botão "Foda-se" depois da cirurgia bariátrica:

O botão "Foda-se" não acompanha o produto, normalmente esse acessório já vem instalado no indivíduo antes da cirurgia e sua utilização varia de acordo com cada usuário. Alguns preferem mantê-lo sempre desativado, outros usam com alguma frequência e ainda existem os que prefiram deixá-lo acionado em tempo integral. A ativação do botão "Foda-se" pode melhorar a performance do indivíduo em alguns aspectos, mas pode comprometer seriamente sua durabilidade e seu tempo de vida útil. Sendo assim, a utilização do botão "Foda-se" depois de adquirir a cirurgia bariátrica deve seguir alguns cuidados básicos que podem garantir o melhor funcionamento do seu produto e aumentar sua durabilidade. São eles:

1). É expressamente proibido ativar o "Foda-se" no primeiro mês de uso do produto, havendo risco de ocorrerem danos irreparáveis;

2). Entre o segundo e o sexto mês de uso do produto não existem níveis seguros para a utilização do botão "Foda-se". No entanto, caso você deseje ativá-lo tome alguns cuidado:
          a.  Evite ativá-lo com frequência, mesmo que por curtos períodos, pois o botão é frágil e pode quebrar enquanto estiver na posição "ligado";
          b.  Evite ativá-lo por longos períodos pois o produto ainda está em fase de adaptação. Além disso, o uso contínuo pode condicionar o usuário, de maneira que ele não consiga mais atingir a mesma performance com o botão "Foda-se" desativado, criando um tipo de relação de dependência.
          Obs: Pessoas que costumavam manter o botão "Foda-se" ativado por muito tempo antes da cirurgia são mais propensas a desenvolver uma dependência entre o segundo e o sexto mês de utilização do produto.

3). Em caso de dano no produto, causado pela má utilização do botão "Foda-se", procure a assistência técnica autorizada IMEDIATAMENTE!!!


CUIDADO: PRODUTO FRÁGIL!!!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Trilha Sonora

Ouvi falar muito de uma banda chamada Nevilton. Na verdade um trio paranaense liderado pelo Nevilton Alencar, que da nome à banda. Baixei o EP chamado Pressuposto já tem algum tempo, mas deixei ele perdido num cantinho do meu Desktop até que um dia resolvi escutar. Ouvi as cinco músicas do EP umas duas vezes com muita atenção e não consegui mais parar de ouvir aquele som. Uma levada simples e marcante com uma pegada de rock e letras geniais. Linda poesia que, casada às singelas melodias, soam em perfeita harmonia e transmitem mensagens muito positivas. Letras que tratam de temas extremamente pessoais, abordados de uma maneira muito sutil. Um disco ótimo e muito bem "falado" nas entranhas da música independente.

Pois é. Vez em quando sou surpreendido por essas gratas descobertas. Não é a primeira e nem a última vez que isso acontece, é claro. Mas essa foi especial porque as canções do Nevilton, em letra e melodia, soam aos meus ouvidos como a trilha sonora dessa minha fase "gastroplastizado em transformação". Canções que despretensiosamente me provocam lampejos de compreensão e inspiração. Mensagens que trazem a tona sentimentos e valores há tempos adormecidos, despertados por faíscas de auto-conhecimento.
Enfim, melhor que tentar descrever as minhas impressões e sensações ao ouvir o som do Nevilton é ir direto ao assunto. Gostaria de compartilhar essa trilha sonora com os leitores. E claro, recomendar que ouçam o trabalho do Nevilton.

Pode até parecer pretensioso, mas a idéia é transformar em palavras as sensações que essa trilha sonora me provoca. Transcrever-me ao som de Nevilton. Sabe lá no que isso vai dar em meio ao meu imprevisível e intempestivo método de criação, sobre o qual escrevi no último post. Vira e mexe eu acabo me desviando do formato pretendido inicialmente. Todavia... vão bora!
Hoje vou tentar descrever uma cena cuja trilha sonora é uma das canções do EP Pressuposto do Nevilton. Não me prenderei a padrões de redação de roteiros cinematográficos. Trata-se de uma manifestação livre de cenas que poderiam pertencer ao roteiro de um filme qualquer.

Aos leitores, não espero que as canções lhes despertem exatamente as mesmas sensações que me despertaram. Afinal, são interpretações muito pessoais. Ao menos fica uma ótima dica musical para os queridos leitores do Gastroplastizado. Fica também uma homenagem à Música Brasileira, principalmente aos artistas que representam a riquíssima cultura independente.


Ao trio Nevilton, de Umuarama-PR, meus parabéns e... muito obrigado!!!. Esse foi o relato de um admirador (pra não dizer fã) que foi tocado pela tua arte. Força nessa correria pelos palcos e estradas do Brasil. Sei que vocês tem consciência de que o trabalho colaborativo, a troca de informação e o trabalho em rede hoje tem muito mais valor do que os arcaicos "15 minutos de fama". Circula, galera!!!

O EP Pressuposto do Nevilton pode ser baixado gratuitamente no site do projeto Compacto.rec do Circuito Fora do Eixo (link direto para o disco: http://compactorec.wordpress.com/2010/02/09/nevilton-disco-pressuposto/ ). Pra quem se interessa por música e cultura independente em geral, vale a pena saber mais sobre o projeto e sobre as ações do Circuito FDE.

Então, começemos essa experiência. A quem topar entrar nessa viagem, proponho que escute atenciosamente à "Trilha" uma primeira vez e acompanhe sua letra com muita atenção. Em seguida, abaixe um pouco o som e deixe a música tocar ao fundo enquanto lê o "Roteiro". Espero que gostem.


***


Cena 1: A Trilha

Pressuposto - Composição: Nevilton de Alencar



"Ela sempre soube
que seu maior valor
nunca coube
nem dizer
se pressupõe
que até o insensato vai perceber.


E nunca preocupou-se
em fazer crer
nem mesmo acreditava
poder fazer.

Mas um dia percebeu o seu poder

E saiu a sorrir
ganhando corações
sorrindo gentileza e confiança


e a cada sair
sorrindo decisões
de amor, delicadeza a ela mesma
conquistava outro alguém.


E saiu a sorrir
ganhando corações
sorrindo gentileza e confiança


e a cada sair
sorrindo decisões
de amor, delicadeza a ela mesma
aprendeu a viver."


Cena 1: O Roteiro 

Personagem em processo de construção. A única convicção é de que se trata de um protagonista. O início da trama pressupõe que o personagem se revelaria aos poucos, ao longo do filme. Cabe ao desenrolar da trama fazer essa revelação gradual das características mais profundas da personagem.
O protagonista caminha em meio a uma multidão alvoroçada pela rotina e pelos compromissos da vida cotidiana. Embora ele se confunda entre a aglomeração de pessoas, sua presença destaca-se no enquadramento por ser o único que caminha a passos descompromissados, porém firmes e ritmados. Esboça sutilmente um sorriso. Sua expressão sugere autoconfiança. Entretanto, isenta-se do aura da arrogância ao demonstrar que caminha por si só, seguindo uma trajetória aparentemente planejada e respeitando o empurra empurra e a correria das ruas da cidade.
Um rápido flashback mostra que a personagem passara recentemente por um momento muito importante e decisivo em sua vida. Sem aprofundar em detalhes a trama revela que a personagem atravessa um momento de transformação pessoal. Essa revelação sugere que o caminhar tranquilo e sorridente do protagonista seja consequência desse processo de transformação.
A cena termina com um enquadramento por trás do protagonista. A câmera acompanha o caminhar da personagem por uns instantes até que para repentinamente, enquanto ele segue sua caminhada confiante e se mistura em meio à multidão e à correria cotidiana.

Fim da Cena 1.

Léo Castro

sábado, 7 de agosto de 2010

Gastroplastizado.blogspot.com

Exige-se de um blogueiro que almeja alguma popularidade do seu blog uma certa frequência nas publicações, ou atualizações, caso prefiram. No entanto, apesar da minha negligencia em cumprir essa máxima da Web, o Gastroplastizado tem sido uma válvula de escape fascinante para minhas experiências pós-cirúrgicas.
A intenção inicial na criação do Gastroplastizado era fazer um registro dos momentos mais marcantes dessa experiência, visando compartilhar com quem pudesse se interessar. Aos poucos, o anseio de compartilhar vivências com os leitores acabou tornando-se a essência do blog, ainda que distante de qualquer pretensão de popularidade. Uma troca que foi-se mostrando multilateral ao longo do tempo. Conforme eu ia assimilando os comentários dos leitores e relendo o que escrevia, ia repensando minhas experiências.
Essa evolução ocorreu naturalmente e refletiu-se não só no meu modo de escrever, mas também no meu modo de encarar tudo o que estou vivendo. Um aprendizado contínuo.
Desde o início eu já sabia que não manteria o mesmo ritmo de publicações das primeiras semanas, mas sempre cobrava de mim mesmo a manutenção de um "comprometimento" com o Gastroplastizado -  com o perdão do "Dunguismo". Para minha surpresa, mesmo tendo ficado 46 dias sem nenhuma postagem, a visitação do blog manteve-se constante. Devo dizer que boa parte dos números contabilizados pelo contador representem visitas minhas. Prova de que mantenho meu comprometimento com o blog ao ler e reler os textos e os comentários de leitores quase diariamente, apesar da escassez de atualizações.
Aos leitores, desde os casuais aos que ainda teimam em dar uma passadinha rápida por aqui procurando novidades, peço desculpas. Tento não me pressionar a escrever. Sou assim desde sempre - ou desde que comecei a escrever nos blogs. Salvo as redações do colégio e dos vestibulares, prefiro aproveitar momentos de grande inspiração. Escrevo o que vier na telha a qualquer momento, em qualquer situação, sempre r
espeitando minha espontaneidade.
Portanto, espero que continuem passando por aqui de vez em quando para saber das novidades. Uma maneira fácil é seguir as atualizações do GASTROPLASTIZADO. É só fazer um login no blogspot com sua senha google.
É isso, amigos. Sigo resdecobrindo a mim mesmo. Seguirei compartilhando momentos importantes dessa redescoberta com vocês.



Até breve!

Léo Castro
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domingo, 1 de agosto de 2010

Quem me viu, quem me vê. Quem me vi, quem me vejo.

Antes de qualquer coisa, peço desculpas pela menor frequência nas publicações. Pretendo escrever sobre isso depois. Mas, passei por aqui somente para deixar um registro um tanto espontâneo sobre meu atual estado de espírito. Uma inspiração momentânea e etílica. Na minha opinião o melhor contexto para um desabafo sincero e desprovido de pudores. Mesmo que haja a possibilidade de um arrependimento diante da sobriedade. Lá vai:


A auto-estima é um afrodisíaco. Estou amando a mim mesmo cada vez mais. Embora tenha a preocupação constante de manter os pés fincados no chão, estou alçando voos espetaculares e inesperados.
No dia-a-dia minha vida até que não mudou tanto. As tarefas, os compromissos e as preocupações cotidianas continuam as mesmas. O que mudou foi a minha visão sobre tudo isso. Como se fosse possível simplesmente colocar os óculos que me possibilitam enxergar uma maneira mais positiva de viver a vida.

Estou muito feliz com o que vejo.

Léo Castro

sábado, 19 de junho de 2010

Conto: "A Mudança"


Parte Final (?) - O Fim da Viagem. O Início de uma Nova Vida.

Finalmente estava no meu tão sonhado novo lar, onde decidi viver minha nova vida. Levei menos tempo para organizar os móveis e objetos na nova casa do que para encaixotá-los há alguns dias no meu antigo casarão. Rapidamente encarreguei-me de me livrar dos objetos que havia separado durante a viagem em uma caixa onde se lia: "Jogar Fora". Os objetos dos quais sabia que deveria me desfazer, mas ainda não havia encontrado coragem para tal, mantive encaixotados e guardados. Ainda precisava refletir sobre os motivos que tinha para me livrar deles. Minhas condecorações e medalhas coloquei em lugar de destaque na casa. Não para exibir minhas glórias a quem pudesse ver, mas para que eu pudesse me lembrar constantemente do que eu era capaz. Dos meus fracassos, tentei me desfazer junto com os objetos que descartei. Apesar disso, minhas falhas e derrotas deverão me acompanhar para sempre na forma de aprendizado, servindo como parâmetros para que eu posso reconhecer meus limites e minhas fraquezas.
Tudo pronto. Os móveis e objetos estavam em seus devidos lugares. Cuidei de deixar a decoração ao meu gosto. Deixei as janelas da frente bem abertas, exibindo um ambiente muito agradável e acolhedor. Já me sinto parte do meu novo lar, mas ainda não me sinto vivendo minha nova vida. Finalmente encontrei o lar onde sempre sonhei morar, mas não consigo sentir o frescor da nova vida que escolhi viver.
Quando decidi me mudar, achei que morar no lar que sempre sonhei morar bastaria para que eu pudesse viver a vida que sempre sonhei viver. Será que tomei a decisão errada? Será que esse não é o lar dos meus sonhos? Devo mudar a decoração ou rearranjar os móveis? Que tal uma nova pintura? Dúvidas e questionamentos que sempre me acompanharam na vida que vivi até agora continuavam me perseguindo enquanto eu tentava descobrir uma maneira de me sentir mais vivo naquele lugar maravilhoso.
Conforme os dias passaram, fui criando minha nova rotina dentro do meu novo lar. Adaptei-me muito rapidamente ao meu novo endereço e à minha nova vizinhança. Definitivamente, sinto-me muito seguro e confortável aqui. Realmente gosto desse lugar. Mas ao passar dos dias, enquanto seguia minha nova rotina - palavra que define os hábitos e tarefas a serem realizados de forma mecânica e repetitiva no dia-a-dia de um indivíduo, para muitos, sinônimo de monotonia - fui me dando conta de que a vida que eu sempre sonhei viver não seria encontrada ao final daquele viagem, no instante em que eu entrasse no meu novo lar. A mudança que eu buscava teria que ocorrer dentro de mim. Não bastava só mudar de endereço. Viver uma nova vida exigia uma mudança de atitude. Um novo olhar  sobre tudo o que está a minha volta. Uma nova postura diante dos desafios do dia-a-dia.
A viagem mais dura e desgastante que me é reservada é a grande jornada da vida. Um trajeto que eu deverei seguir ciente de que haverá muitos imprevistos, curvas perigosas, freadas e solavancos que exigirão que eu tenha muito equilíbrio. Mas, caso eu vá ao chão terei de buscar forças para me botar de pé novamente. Nessa jornada, eu mesmo deverei assumir a responsabilidade de escolher os caminhos por onde seguirei.
Quanto à minha nova casa, o lar aconchegante e seguro onde sempre sonhei viver, vez em quando terei que fechar as janelas, rearranjar os móveis, fazer uma nova pintura, mudar a decoração e até mesmo jogar algumas coisas fora. Além disso, terei que encontrar a coragem para me livrar dos objetos que guardei, mesmo sabendo que não deveriam mais fazer parte de mim. Tudo o que for preciso para que eu continue me sentindo parte do lar onde sempre sonhei morar.
A viagem até meu novo lar, apesar das dificuldades, chegou ao fim. Sigo agora a minha jornada mais longa. Uma jornada sem destino definido. Seguindo sempre em busca de mim mesmo.
FIM (?)

Léo Castro