quarta-feira, 5 de maio de 2010

Choque de Realidade

No começo dessa semana tive pela primeira vez o que chamarei de "choque de realidade". Passado todo o deslumbramento com o emagrecimento inicial, que é muito rápido, devido à dieta líquida, realmente senti na pele o que era falado à exaustão por todos os profissionais e gastroplastizados com quem me orientei antes da cirurgia: "A cirurgia não faz milagres, é preciso uma mudança radical de hábitos e uma reeducação alimentar". No cursinho pré-cirurgia bariátrica no SEMPRE da Unimed, todas as aulas giravam em torno dessa constatação e da dificuldade que era passar por isso. À época até achei um certo exagero, pois acreditava que essa mudança viria naturalmente e que o empurrão da auto-estima tornaria essa mudança uma coisa muito suave.
Constantei que isso não seria tão fácil no começo dessa quarta semana pós cirurgia. Normalmente me peso somente às sextas-feiras, mas dessa vez, por acaso, sai para uma caminhada com meu pai na segunda-feira e passamos pela fármacia onde estou me pesando. Quando subi na balança tomei o "choque de realidade" e naquele instante todo aquele blá blá blá do cursinho pré bariátrico fez sentido. Eu havia engordado 300 gramas em 3 dias. "Mas como? Eu estou só no primeiro mês de cirurgia, era para estar perdendo peso muito rapidamente. Nem comecei a comer sólidos ainda. Como pode acontecer?" Essas seriam as minhas dúvidas caso eu não soubesse onde eu havia errado. Mas eu sabia. Lembra da história de flexibilizar as regras? Pois então, leitor, leve isso como um conselho de "o que NÃO fazer nas primeiras semanas depois da cirurgia". Flexibilizar pelo menos um pouquinho abriu um precendente para que exageros maiores e imperdoáveis fossem cometidos. No fim de semana fui ao Shopping com minha família e me permiti pedir um prato de coalhada do Habib´s. É claro que não comi tudo sozinho, mas sem dúvida alguma comi muito mais do que os 30 ml sugeridos pela nutricionista. Além disso, durante todo o fim de semana, acabei exagerando em outras refeições. Comi bastante purê de batata e de mandioca, carboidrato puro. Em resumo, me permiti certos exageros que culminaram em uma cara de tacho olhando para os números "145,3" na balança da farmácia.
Naquele momento me dei conta de que realmente a cirurgia não faz milagre algum. Que a mudança de hábitos vai requerer muito esforço SIM. Que não será nada fácil nem natural conseguir adquirir os hábitos necessários para viver essa nova vida. E, por fim, que só depende de mim fazer com que eu possa desfrutar do que venho chamando de minha "nova vida" da melhor maneira possível.
Aí alguém poderia perguntar: "Se é necessária essa mudança de hábitos e uma reeducação alimentar, por que não fazê-los sem precisar fazer a cirurgia?"
De fato, é sim possível e muito mais indicado que essa mudança seja feita sem a necessidade de cirurgia. Mas diga isso para uma gordinho que conviveu durante muitos anos com esses excessos e que certamente pelo menos uma, duas ou dezenas de vezes já esteve diante da tentativa de fazer essa reeducação, mas no máximo conseguiu perder alguns quilinhos que logo foram achados com facilidade. Muita gente consegue com sucesso essa mudança e essas pessoas devem ser aplaudidas de pé pela força de vontade e pela garra. Infelizmente, para grande parte dos gordinhos isso é praticamente impossível, por diferentes razões e motivos.
A cirurgia, ao meu ver, faz com que o indivíduo seja forçado a se reeducar. Sim, de uma maneira radical, através de uma mutilação, mas a reeducação se faz necessária para que a pessoa possa ter uma boa qualidade de vida. Em nenhum momento dizem que isso é fácil, aliás, como foi dito no início do texto, todo mundo ENCHE O SACO dizendo o quanto isso é difícil. Mas a gente prefere acreditar que na hora tudo vai dar certo. É ai, que vem o "choque de realidade" por que passei. Contudo, sou grato aos "chatos" que ficaram repetindo isso insistentemente antes da cirurgia, porque de alguma maneira essa informação estava internalizada em mim, e quando eu precisei usá-la, entendi instantaneamente o que eles queriam dizer. Entender isso também não tornará mais fácil essa mudança, mas me deixa muito mais preparado. Essa foi a minha escolha. Eu estava ciente das dificuldades, embora ainda não consciente. Daqui pra frente, espero que ter olhado aqueles números "145,3" tenha me dado um pouco dessa consciência. Do resto, vou deixar os dias passarem e vou aprendendo conforme vou caminhando. Passo a passo.

Até breve.

Léo Castro

sábado, 1 de maio de 2010

Fisgando a Bela Loira

Já que o assunto aqui é a obesidade e as gordices inerentes à nossa volumosa vida, resolvi repostar um texto que escrevi para a Feira Livre de Pensamentos ano passado e que teve grande repercussão. Muita gente já leu, mas espero que meus novos leitores aqui no Gastroplastizado se divirtam. Clique aqui para ver a postagem original da Feira.

Rolou um post no Jacaré Banguela, dizendo que a Josy Oliveira, ex-BBB, a bela moça da foto ao lado estaria pedindo: "Gordinhos que me admiram, mandem e-mail". Logo, fiquei com uma pulguinha atrás da minha orelha fofinha e comecei a escrever alguma coisa. Pra quem nunca ganhou nada na vida, em sorteio ou promoção, quem sabe consigo fisgar a loira usando a minha persuasão. Mas no final acabei gostando do texto e resolvi compartilhar com a Feira.

Lá vai o texto, enviado por e-mail para o site Meia Hora do Terra.


Para Josy Oliveira... com amor (e um pouco de sinceridade)

Apesar de achar essa situação ridícula, resolvi escrever esse e-mail. Não que eu queira "concorrer" ao coração da bela Josy Oliveira, muito menos me sujeitaria a qualquer tipo de concorrência sensacionalista que vemos em reality shows de casais por aí. Ser mais um gordinho disputando o coração da bela moça, sujeitando-se a provas sem sentido, muitas vezes com o intuito de humilhá-los em rede nacional. Não quero isso. Aliás acredito que esse e-mail nunca chegará às mãos da bela senhorita.
Escrevo porque sempre admirei a moça. Sim, claro, parece conveniente dizer que sempre gostei da moça (E o cara ainda diz que não quer concorrer ao coração da bela?). Mas é verdade. Forçosamente sempre assisti aos pay-per-view do Big Brother Brasil, uma vez que minha mãe talvez seja a fã número 2 do programa, depois do Pedro Bial (esse faz o que gosta, e faz muito bem). E ao longo dos programas, é possível sim, construir uma afeição pelos participantes. E a bela moça em questão sempre me atraiu. Não pelo gosto declarado por gordinhos, que às vezes beirava à bizarrice pelo maneira que ela ficava alucinada quando via um fofinho (bizarro, mas excitante, quando se é um gordinho). Mas sim, pelas atitudes e pelo caráter demonstrados durante sua "atuação" no BBB. A apunhalada do Go Go Boy, as fofoquinhas e cutucadas das concorrentes a gostosa da edição, o amor pela família, a competência e talento profissional como cantora, a raça nas provas de resistência, e muito mais. Fatos e atitudes que construiram a Josy do BBB. Talvez não seja a transcrição do que é a Josy da vida real. Afinal, o que são 3 meses perto de uma vida inteira? Mas era a essência da bela moça. Nua e crua (aliás, linda quando nua, mesmo com os exagerados miligramas que causaram um inchaço que dava até dó da pobre).
Infelizmente, alguns meses se passaram e o talento da moça como cantora ainda não se despontou. Ó cruel mercado da música! Ainda mais quando se sai de um reality show. Nesse caso, ou faz sucesso, ou é grande candidata à sombra da TV sensacionalista de massa (tipo apresentadora de GameShow ou programa de fofoca). Pobre destino. Mas talento ela tem, e se for inteligente pode se aproveitar dele e consolidar sua carreira como cantora e musicista, desde que não apele para as mídias de massa e para formatos já manjados de exploração de sua imagem e de seu belo corpinho.
Enfim, escrevo por que não tenho nada a perder. Não faço papel de idiota me declarando e dizendo que sou o homem da vida dela, mas dou uma chance à bela moça de conhecer um cara legal (e modesto rsrs). Dados de quem sou, o que faço, o que gosto de fazer? Aí fica pra uma próxima. Com a Internet e suas redes sociais, dá pra saber o que quiser da minha vida (ou o que EU quiser que saibam), basta perguntar ao Google ou me seguir no Twitter, ou me adicionar no Orkut, ou no Facebook, ou no Flickr, ou no MySpace, etc. Ah tem o msn, esse sim eu posso divulgar, afinal pode ser uma maneira interessante pra trocar uma idéia com a bela guria de cabelos dourados e corpo voluptuoso que adora homens de corpos volumosos como o meu. Então lá vai: leocastroreis@hotmail.com

Muito obrigado, Senhores do Meia Hora. Valeu pela chance de ser um gordinho invejado enquanto passeia no shopping com uma bela loira a tiracolo.

Abraço.

Leonardo Castro dos Reis

O texto teve uma repercussão bem bacana, chegando até a própria Josy Oliveira, que deixou esse comentário no post:

Querido Leo,

Acabei de ler sua mensagem e adorei! Nem sei como agradecer se carinho e admiração! Saiba que infelizmente as matérias relacionadas à minha afeição pelas pessoas e todos os "seres" gordinhos tenham sido apresentadas de forma indevida. Sempre deixei claro que tenho um carinho especial e intenso por todas as pessoas gordinhas, sejam elas homens, mulheres, crianças, animais e até objetos. É algo tão forte que chego a ter um acesso de taquicardia quando vejo alguém acima do peso. Muitas pessoas pensam que sinto uma atração física descontrolada por homens gordos, quando na verdade, o homem que me atrai é aquele que mexe com meu coraçãozinho, independente de seu peso, altura, cor ou raça!
Agardeço de coração pelas suas palavras sinceras, ou pouco sinceras (risos) e desde já demonstro meu desejo de te ver um dia em um show meu!

Um beijo carinhoso, paz e sucesso pra ti, sempre!

Josy Oliveira 

Conferindo a Balança [3]

Dia 30 de Abril de 2010 - Trê semanas após a Gastroplastia
Peso: 145,0 kg
Perda: 17,0 kg
IMC: 47